São Paulo, terça-feira, 22 de dezembro de 2009

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Venezuela envia menos energia ao país

Vizinho diminuirá fornecimento a Roraima em razão de níveis baixos das águas de lago

Estado não está interligado ao sistema brasileiro; Eletronorte descarta desabastecimento e vai religar termelétricas


JEAN-PHILIP STRUCK
DA AGÊNCIA FOLHA

A Venezuela anunciou que vai suspender parte do fornecimento de energia ao Estado de Roraima. As águas do lago que abastece o complexo de Guri, no sul da Venezuela, responsável pela produção de 3/4 da energia do país e fornecedor de eletricidade para parte de Roraima, estão baixas.
A partir de janeiro, os venezuelanos vão suspender o fornecimento de 20 MW (megawatts) mensais para o Estado. Em fevereiro, planejam suspender o envio de mais 20 MW.
Boa Vista e mais cinco cidades de Roraima consomem 97 MW mensais, energia que vem exclusivamente da Venezuela, já que o sistema de distribuição de energia do Estado não está interligado ao resto do Brasil.
Para substituir a parte da energia que terá envio suspenso, a Eletronorte, empresa responsável pela compra da energia venezuelana, pretende reativar usinas termelétricas em Roraima que estavam fora de operação desde a construção da linha de transmissão com a Venezuela, em 2001.
A empresa informa que também pretende, por meio de licitação, comprar eletricidade de produtores independentes de energia (PIE).
Segundo o gerente local da Eletronorte em Roraima, Cláudio Alípio Santos, a situação não é preocupante. "Existem planos de racionamento e de emergência para suprir com energia serviços essenciais, mas é algo rotineiro. O abastecimento de energia não vai ser afetado."
Oito dos 14 municípios do Estado ainda continuam sendo abastecidos por termelétricas. A energia por geração termelétrica é mais cara, mas a Eletronorte diz que a diferença não será repassada para as distribuidoras e os consumidores. A empresa, por meio de sua assessoria, informou que pretende absorver os custos extras.
O acordo assinado entre a Eletronorte e a Edelca (empresa de energia venezuelana), em 1997, previa o fornecimento de 200 MW mensais. Boa Vista e outras cidades interligadas consumiam pouco menos da metade garantida pelo acordo.
A construção da linha permitiu, à época, segundo o governo brasileiro, a economia de R$ 120 milhões anuais.

Crise energética
Há meses a Venezuela está envolta numa crise energética, que tem levado manifestantes às ruas para reclamar do racionamento e dos apagões.
O presidente do país, Hugo Chávez, responsabilizou a escassez de chuvas pela falta de energia. Entre outras recomendações, pediu que as pessoas usem lanterna e evitem acender a luz quando acordarem à noite para ir ao banheiro.


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