São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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PAC / DISCURSO

Lula pede apoio e defende democracia

Em discurso que marca início do 2º mandato, presidente diz que ênfase no crescimento não ameaça disciplina fiscal

Com 25 governadores na platéia, Lula insta políticos e empresários a aproveitar "oportunidade histórica" de acelerar economia do país

Alan Marques/Folha Imagem
O ministro Mantega (Fazenda), o vice Alencar, o presidente Lula, a ministra Dilma (Casa Civil) e o ministro Genro (Relações Institucionais) em reunião com governadores para apresentar o PAC

PEDRO DIAS LEITE
VALDO CRUZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num ato que marca o início de fato do segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com compromissos econômicos, políticos e sociais. Prometeu mais crescimento dentro "dos limites de segurança", defendendo a manutenção de alguma disciplina fiscal.
Reafirmou seu compromisso com as liberdades democráticas, ao dizer que "aqui não se cresce sacrificando a democracia", palavra repetida sete vezes em menos de 15 minutos.
Anunciou ainda futuros pacotes para a área social, como educação e segurança pública, dizendo ser "tempo, outra vez, de acumularmos matéria-prima de sonho e de utopia".
Lula insistiu ainda na tecla de que é preciso crescer "de maneira correta, porém de forma mais acelerada".
"Quando falamos em avançar, não se trata, como dizia aquela antiga canção da Jovem Guarda, de entrar na rua Augusta a 120 km/h, mas de acelerar com firmeza, na estrada certa, na hora certa, mantidos os limites ideais de segurança. O que não podemos é ter medo de andar na velocidade correta, mesmo que para isso tenhamos que ultrapassar os retardatários e nos livrar de algum peso."
Em nenhum momento, Lula mencionou metas. Logo após a campanha, prometeu um crescimento de 5%, que já sumiu de seus pronunciamentos.
Assistiam ao discurso no Planalto 25 dos 27 governadores do país e presidentes e líderes de 11 partidos, além de ministros, deputados, senadores e empresários. Lula pediu apoio. "A disputa política é envolvente e apaixonante, mas não podemos deixar que nossa energia se dissipe e a oportunidade histórica se perca. O PAC depende de forma vital do apoio do Congresso."
Em uma defesa prévia contra as críticas, pediu compreensão aos "porta-vozes do óbvio" e disse que não há mais espaço para "desesperança" motivada pela "volúpia interesseira".
"Antes que os porta-vozes do óbvio comecem a dizer que falta isso ou aquilo, repetimos que o PAC vai ser implementado em módulos, dada a magnitude do universo a atingir", disse.

Democracia
Numa aparente tentativa de distanciamento do venezuelano Hugo Chávez, que visitou o Brasil na semana passada e é acusado de atentar contra as liberdades democráticas, Lula disse que "a democracia é um ambiente mais saudável para o crescimento". "Pouco me interessaria um aumento expressivo do PIB se isso implicasse, o mínimo que fosse, redução das liberdades democráticas. Assim como não adianta crescer sem distribuir, não adianta crescer sem democratizar."
Além do crescimento econômico, disse que o PAC engloba a "aceleração" das reformas política e tributária. Com palavras cuidadosamente escolhidas para evitar a expressão "reforma da Previdência", afirmou que o pacote inclui também a "aceleração do aperfeiçoamento do sistema previdenciário".

Social
O presidente não se esqueceu dos setores sociais que o apóiam e lançou, como ele próprio definiu, um "novo conceito, de infra-estrutura social", que engloba investimentos em setores como habitação, saneamento e transportes.
"Mais desenvolvimento não é somente o crescimento do PIB e melhoria de variáveis macroeconômicas, tampouco é só acumulação de renda e capital. Ela deve ser, antes de tudo, desenvolvimento humano. Para alcançarmos isso, temos que aperfeiçoar nosso sistema de idéias e nossas instituições. A cultura produtiva, aliada a um novo humanismo, deve ser o motor para transformar o país", discursou. "Aqui não se cresce sacrificando a democracia, aqui não se fortalece a economia enfraquecendo o social, aqui não se criam ilusões de distribuir o que não se tem nem de gastar o que não se pode."
Mesmo assim, prometeu novos pacotes, para a educação e a segurança. "Dentro de curto prazo, será lançado um conjunto de medidas específicas na área de educação e ações importantes no setor da segurança pública", afirmou.


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