São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

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TANGO DA DÍVIDA

Ministro da Economia considera suficiente a adesão de metade dos credores externos à oferta feita pelo país

Lavagna já vê Argentina fora da moratória

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

A oferta de troca da dívida pública argentina alcançou, na sexta-feira passada, o índice de 50% de adesão, definido pelo ministro da Economia, Roberto Lavagna, como suficiente para que o país se considere fora da moratória.
O anúncio de que foram trocados títulos no valor de US$ 40,9 bilhões (R$ 105,3 bilhões) dos US$ 81,8 bilhões (R$ 210,7 bilhões) em reestruturação foi feito ontem pelo Bank of New York, agente de câmbio da operação.
O banco forneceu os dados à Comissão de Valores da Itália, país que concentra 15% dos títulos da dívida argentina e cujos credores continuam insatisfeitos com as condições da proposta.
A troca dos 152 títulos da dívida em moratória desde 2001 por três novos papéis prevê desconto de até 75% no valor dos bônus e prazos de pagamento de até 42 anos.
Uma associação de credores italianos pediu ao primeiro-ministro Silvio Berlusconi a retirada do embaixador argentino no país, Victorio Taccetti, caso o governo Kirchner não melhore sua oferta.
Taccetti disse não acreditar que o governo italiano adote essa medida e afirmou que os credores do país europeu ausentes da troca ficarão com "papeizinhos na mão" e deverão pedir explicações ao presidente do Comitê Global de Detentores de Títulos Argentinos, o investidor italiano Nicola Stock.
Stock é o mais ferrenho opositor da oferta argentina, que classifica de "mesquinha". Seu comitê conclamou os credores internacionais a recusar a proposta, argumentando que a Argentina seria obrigada a adiar seus prazos e a melhorar suas condições, caso a adesão fosse pequena.
Em anúncios feitos ontem em jornais e rádios argentinos, o Ministério da Economia reafirma que sexta-feira, dia 25 deste mês, é prazo final da operação. Embora o governo tenha relançado a campanha publicitária, o presidente da Caixa de Valores, Luis Corsiglia, que coordena a troca de títulos no âmbito nacional, divulgou a "cifra espetacular" de mais de 90% de adesão dos títulos em poder de credores argentinos.
O FMI deve enviar uma missão à Argentina no próximo dia 15, segundo o jornal econômico "Ambito Financiero". A retomada das negociações da Argentina com o Fundo estava prevista para depois da saída da moratória.


Com agências internacionais


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