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Economista descarta corrida ao euro
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A intenção do governo da Coréia do Sul de diversificar as suas
reservas internacionais não deve
ser interpretada como um sinal de
que os bancos centrais asiáticos
vão promover uma corrida por
ativos em euros.
Na avaliação de James Glassman, economista sênior do JP
Morgan, em Nova York, esses
países tendem a ser mais cautelosos com relação à administração
de suas reservas. Um enfraquecimento demasiado do dólar, em
decorrência de uma diminuição
expressiva das reservas em dólares, terá como resultado uma
apreciação das moedas asiáticas.
Essa situação poderia gerar como
efeito colateral uma indesejável
perda de competitividade das exportações asiáticas.
A seguir, entrevista concedida
por Glassman à Folha.
![](http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Folha - Hoje [ontem] o dólar sofreu uma forte queda em decorrência do anúncio da Coréia do Sul. O
senhor concorda com essa interpretação? Houve uma reação exagerada dos mercados?
James Glassman - Sim, concordo
com essa interpretação, porque o
dólar caiu imediatamente após o
anúncio. Acredito que o mercado
possa ter exagerado, mas sempre
houve a preocupação de que, se as
economias asiáticas se tornarem
mais relutantes em deter e comprar ativos em dólar, a moeda
americana tenderá a cair.
Folha - Quão forte é a tendência
dos bancos centrais de diversificar
as suas reservas internacionais?
Glassman - Eu suspeito que os
bancos centrais serão mais cautelosos nesse movimento de diversificação. Isso porque essa diversificação faz com que as moedas
desses países se valorizem fortemente em relação ao dólar, o que
pode provocar uma deterioração
no crescimento das exportações.
Folha - Que bancos centrais parecem mais dispostos a diversificar as
suas reservas?
Glassman - Eu acredito que os
bancos centrais asiáticos sejam os
mais dispostos a diversificar, especialmente em euros. Eles são os
principais detentores de dólares
por causa do grande volume de
superávits comerciais com os Estados Unidos. Logo, eles são os
que, mais provavelmente, têm
poder para mudar as suas reservas de modo mais agressivo. Mas,
ao fazer isso, eles podem prejudicar o crescimento das exportações. A Europa permanece mais
fechada em relações comerciais
com a Ásia. Logo, uma elevação
nas moedas asiáticas em relação
ao dólar, em decorrência da diversificação das reservas, pode
prejudicar o desempenho das exportações do continente.
Folha - O que pode ocorrer se
houver uma corrida por diversificação de reservas?
Glassman - Se os bancos centrais
optarem pela diversificação em
massa, veremos um queda do dólar ainda maior. Os prognósticos
de crescimento para o Leste da
Ásia se deteriorariam de modo
significativo e o crescimento
mundial diminuiria.
Folha - O dólar deva continuar a
cair muito neste ano?
Glassman - Muitos analistas estimam que o enfraquecimento do
dólar vá continuar, apesar de que
uma valorização das moedas asiáticas em relação ao dólar tiraria
um pouco da pressão sobre o euro. Eu acredito que o dólar vá se
estabilizar e se apreciar em relação ao euro, refletindo o caminho
lento do crescimento europeu.
Folha - Qual é o impacto dessas
intervenções de bancos centrais estrangeiros na taxa de juros de longo prazo dos EUA?
Glassman - Um volume menor
de compra de dólares por bancos
centrais teria um efeito bem pequeno nas taxas de juros dos Estados Unidos.
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