São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

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Câmbio "deixou de ser inteligente", diz setor têxtil

DA REPORTAGEM LOCAL

O câmbio "deixou de ser inteligente" e, caso a política monetária brasileira não mude, o governo colocará em risco o superávit comercial dos últimos anos. A avaliação é do presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Josué Christiano Gomes da Silva, filho do vice-presidente José Alencar.
Em janeiro, as importações do setor têxtil subiram 12,5%, contra alta de 3,6% das exportações, sempre comparando com o mesmo mês do ano passado. O setor continua superavitário, mas o resultado positivo diminuiu de US$ 33,6 milhões em janeiro de 2004 para US$ 25,6 milhões no mês passado. "Se prevalecer essa política [monetária], vamos acabar em déficit", disse.
Gomes da Silva participou da abertura da Fenatec (Feira Internacional de Tecelagem), que começou ontem em São Paulo e abrigará expositores do setor têxtil até a próxima sexta-feira (25). O setor estima que, durante os quatro dias do evento, seja negociado um volume de vendas equivalente a três meses de produção.
Apesar de ser o sétimo produtor têxtil do mundo, o Brasil exporta menos de 10% da produção local, o que corresponde a menos de 1% do mercado global. O faturamento de toda a cadeia produtiva foi de aproximadamente US$ 25 bilhões no ano passado, ao passo que as exportações chegaram a US$ 2,1 bilhões.
Gomes da Silva diz que as fábricas brasileiras estão entre as mais competitivas do mundo, mas que os ganhos de produtividade da última década ocorreram "para dentro da porta da fábrica".
Para ele, a falta de infra-estrutura, que cria problemas de logística e aumenta o custo dos produtos, o crédito caro, a carga tributária excessiva e a valorização excessiva do câmbio minam a competitividade das empresas. "Uma vez superados os obstáculos, teremos capacidade [para crescer no mercado internacional]."


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