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Dispensa de temporários contratados no final de ano faz desemprego crescer
DA SUCURSAL DO RIO
Sob efeito da dispensa de trabalhadores temporários de final de ano, a taxa de desemprego subiu no mês passado para
9,3% -havia sido de 8,4% em
dezembro, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ficou, porém, no mesmo nível (9,2%) de
janeiro do ano passado.
Para o IBGE, a alta da taxa está dentro do padrão histórico
da pesquisa. "É um movimento
que já era esperado. É sazonal
por causa da saída dos trabalhadores temporários de final de
ano", disse Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa
Mensal de Emprego do IBGE.
Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas (São Paulo,
Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Porto Alegre, Recife e Salvador), 240 mil pessoas deixaram
de trabalhar de dezembro para
janeiro -queda de 1,2%. Já o
total de desempregados (2,096
milhões) aumentou 10,7% -ou
203 mil pessoas.
Na comparação com janeiro
de 2006, porém, o número de
vagas manteve a trajetória de
expansão e cresceu 2,6% -512
mil pessoas.
Na avaliação de Marcelo de
Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), o aumento da taxa de
desemprego ocorreu por causa
da dispensa de trabalhadores.
Não foi reflexo, diz Ávila, da
maior procura por trabalho,
movimento tradicional no início do ano. É que a PEA (população economicamente ativa),
que abriga os empregados e os
desempregados, ficou estável.
"O mercado de trabalho começou o ano muito parecido
com 2006. A taxa de desemprego está emparelhada e não houve aumento da procura [por vagas]", disse.
Fábio Romão, da consultoria
LCA, disse que "dificilmente a
taxa de desemprego ficaria
abaixo dos 9% em janeiro".
O economista não acredita
que a taxa fique abaixo desse
patamar em 2007, se a economia não crescer mais do que os
3,7% estimados pela LCA.
"O câmbio afetou o nível de
atividade especialmente da indústria em 2006 e deve prejudicar o desempenho do emprego neste ano, principalmente
nos setores que são mais fortes
nas regiões metropolitanas."
Ao analisar o histórico do
mercado de trabalho, Azeredo
disse que a taxa de desemprego
tende a cair somente a partir de
abril, quando começam a ser
geradas mais vagas. "Mas é preciso uma mudança de cenário
econômico [aumento do nível
de atividade] para estimular o
investidor a contratar mais."
O comércio, um dos setores
que mais usa a força de trabalho temporária, liderou as dispensas em janeiro. Nesse ramo,
141 mil pessoas perderam o emprego -uma queda de 3,5% ante dezembro.
Na indústria, que também
contrata mais no final do ano
para ampliar a produção, a redução foi de 2,4% -86 mil pessoas.
Segundo Azeredo, menos
pessoas também se ocuparam
em janeiro de atividades como
ambulantes do comércio informal de rua, o que provocou a
queda de 2,5% (102 mil pessoas) no contingente de trabalhadores por conta própria de
dezembro para janeiro.
Regiões
Em São Paulo, a taxa de desemprego ficou em 10,1% em
janeiro, a segunda mais alta das
regiões metropolitanas pesquisadas (a mais alta foi em Recife,
com 11,6%). O número de pessoas desempregadas em São
Paulo cresceu 12,2%. Foram
dispensadas 106 mil pessoas de
dezembro para janeiro.
Já no Rio de Janeiro a taxa de
desocupação se manteve estável em janeiro -6,6%.
De acordo com Azeredo, a região se beneficia, nos primeiros
meses do ano, das contratações
na temporada de verão no turismo e em bares e restaurantes.
(PS)
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