São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

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Dispensa de temporários contratados no final de ano faz desemprego crescer

DA SUCURSAL DO RIO

Sob efeito da dispensa de trabalhadores temporários de final de ano, a taxa de desemprego subiu no mês passado para 9,3% -havia sido de 8,4% em dezembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ficou, porém, no mesmo nível (9,2%) de janeiro do ano passado.
Para o IBGE, a alta da taxa está dentro do padrão histórico da pesquisa. "É um movimento que já era esperado. É sazonal por causa da saída dos trabalhadores temporários de final de ano", disse Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.
Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador), 240 mil pessoas deixaram de trabalhar de dezembro para janeiro -queda de 1,2%. Já o total de desempregados (2,096 milhões) aumentou 10,7% -ou 203 mil pessoas.
Na comparação com janeiro de 2006, porém, o número de vagas manteve a trajetória de expansão e cresceu 2,6% -512 mil pessoas.
Na avaliação de Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o aumento da taxa de desemprego ocorreu por causa da dispensa de trabalhadores.
Não foi reflexo, diz Ávila, da maior procura por trabalho, movimento tradicional no início do ano. É que a PEA (população economicamente ativa), que abriga os empregados e os desempregados, ficou estável.
"O mercado de trabalho começou o ano muito parecido com 2006. A taxa de desemprego está emparelhada e não houve aumento da procura [por vagas]", disse.
Fábio Romão, da consultoria LCA, disse que "dificilmente a taxa de desemprego ficaria abaixo dos 9% em janeiro".
O economista não acredita que a taxa fique abaixo desse patamar em 2007, se a economia não crescer mais do que os 3,7% estimados pela LCA.
"O câmbio afetou o nível de atividade especialmente da indústria em 2006 e deve prejudicar o desempenho do emprego neste ano, principalmente nos setores que são mais fortes nas regiões metropolitanas."
Ao analisar o histórico do mercado de trabalho, Azeredo disse que a taxa de desemprego tende a cair somente a partir de abril, quando começam a ser geradas mais vagas. "Mas é preciso uma mudança de cenário econômico [aumento do nível de atividade] para estimular o investidor a contratar mais."
O comércio, um dos setores que mais usa a força de trabalho temporária, liderou as dispensas em janeiro. Nesse ramo, 141 mil pessoas perderam o emprego -uma queda de 3,5% ante dezembro.
Na indústria, que também contrata mais no final do ano para ampliar a produção, a redução foi de 2,4% -86 mil pessoas.
Segundo Azeredo, menos pessoas também se ocuparam em janeiro de atividades como ambulantes do comércio informal de rua, o que provocou a queda de 2,5% (102 mil pessoas) no contingente de trabalhadores por conta própria de dezembro para janeiro.

Regiões
Em São Paulo, a taxa de desemprego ficou em 10,1% em janeiro, a segunda mais alta das regiões metropolitanas pesquisadas (a mais alta foi em Recife, com 11,6%). O número de pessoas desempregadas em São Paulo cresceu 12,2%. Foram dispensadas 106 mil pessoas de dezembro para janeiro.
Já no Rio de Janeiro a taxa de desocupação se manteve estável em janeiro -6,6%.
De acordo com Azeredo, a região se beneficia, nos primeiros meses do ano, das contratações na temporada de verão no turismo e em bares e restaurantes. (PS)


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