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Crédito tributário infla lucro da Caixa
Dos R$ 2,5 bi do ganho obtido pelo banco estatal em 2007, R$ 1,4 bi veio desse instrumento contábil
Sem o uso dos créditos, lucro do ano passado teria ficado abaixo dos R$ 2,4 bi de 2006; banco vai repassar R$ 1,1 bi em dividendos ao Tesouro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao contrário do que ocorreu
com os bancos privados que
atuam no país, a Caixa Econômica Federal viu seu lucro de
2007 ficar praticamente estável em relação a 2006. Os ganhos da estatal ficaram em R$
2,5 bilhões, valor próximo dos
R$ 2,4 bilhões do ano anterior.
Além disso, o resultado teria
sido pior se não fosse a utilização de um instrumento contábil que aumentou em R$ 1,4 bilhão o lucro apurado pelo banco no ano passado. Esse ganho
se refere à utilização de créditos tributários, uma espécie de
compensação tributária dada a
empresas que tenham tido prejuízos em exercícios anteriores.
Ainda assim, a presidente da
Caixa, Maria Fernanda Ramos
Coelho, considerou positivo o
resultado anunciado e disse
que não é razoável comparar o
lucro da estatal com o de bancos privados. "O desempenho
dos bancos privados, a nosso
ver, é diferente. A Caixa é um
banco público, que implementa
políticas públicas e atua em regiões em que os outros bancos
não atuam", disse, ao anunciar
os números ontem.
O Bradesco, maior banco privado do país, teve lucro de R$
8,010 bilhões em 2007. O Itaú,
segundo maior privado, teve
ganhos de R$ 8,474 bilhões -o
maior resultado já alcançado
por uma instituição financeira
no país. O Banco do Brasil, outra instituição controlada pelo
governo federal, deve divulgar
o balanço na semana que vem.
O uso de créditos tributários
é comum entre os bancos. Em
2006, o CMN (Conselho Monetário Nacional) aumentou de
cinco para dez anos o prazo de
validade desses créditos, fazendo com que muitas instituições
financeiras conseguissem
maiores benefícios com a utilização do mecanismo. Ainda em
2006, o BB, por exemplo, inflou
seu resultado com R$ 1,9 bilhão
em créditos tributários.
Segundo Marcos Vasconcelos, vice-presidente de Controle e Risco, a Caixa levou mais
tempo para avaliar seu estoque
de créditos tributários e só no
ano passado pôde se beneficiar
da mudança na regra do CMN.
Se desconsiderado o uso do
crédito tributário, o lucro obtido pela Caixa em 2007 teria sido menor do que o de 2006. Isso decorre, principalmente, pelo impacto que as turbulências
enfrentadas pelo mercado financeiro no final do ano passado tiveram sobre a carteira de
títulos públicos do banco.
A crise, que foi desencadeada
por problemas no setor imobiliário norte-americano, fez
com que muitos investidores
estrangeiros reduzissem suas
aplicações em países emergentes como o Brasil. O resultado
foi uma desvalorização dos títulos emitidos pelo governo
brasileiro -com isso, a Caixa
teve perdas de R$ 1,4 bilhão no
quarto trimestre de 2007.
Do lucro apurado em 2007, a
Caixa irá repassar R$ 1,1 bilhão
em dividendos ao Tesouro Nacional. Deste valor, porém, R$
500 milhões já haviam sido
adiantados ao governo ainda no
ano passado. A data de pagamento do valor restante ainda
não foi definida pelo banco.
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