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Bolsa de SP oscila menos e ainda resiste à piora externa
Índice que mede oscilação de ações está em 37%, contra 112% no pico da crise, em outubro
Menor volatilidade beneficia principalmente
os pequenos investidores, que não compram e vendem diariamente papéis na Bolsa
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bovespa tem conseguido
resistir em meio a um cenário
de muita tensão no mercado
acionário internacional. Além
de ser das poucas Bolsas de Valores que estão no azul no ano, a
Bovespa tem atravessado um
período de menor volatilidade
-notícia relevante principalmente para o pequeno investidor, que não compra e vende
ações diariamente.
A volatilidade representa a
intensidade e a frequência das
oscilações nos valores das
ações. Assim, volatilidade mais
elevada representa maiores dificuldades para os investidores
escolherem os papéis em que
vão aplicar na Bolsa de Valores.
O índice de volatilidade do Ibovespa, medido pela própria
Bolsa, ficou em 37,06% considerando o período de um mês.
Se forem avaliados os últimos
seis meses, o índice salta para
68,16%. No mês de outubro, no
pico da crise, o índice de volatilidade do índice Ibovespa alcançou os 112%.
Mas analistas alertam que, se
o cenário internacional seguir
se deteriorando, com as incertezas em relação ao futuro do
setor bancário de volta ao centro dos temores, a Bovespa pode voltar a ficar mais volátil e
mesmo passar a apresentar resultado negativo.
No ano, a Bovespa está com
valorização acumulada de
3,10%. Em Wall Street, o índice
Dow Jones sofre com desvalorização de 16,07%. Na Europa, a
Bolsa de Londres tem perdas
de 12,29% no ano. O índice Nikkei, de Tóquio, acumula depreciação de 16,29%.
Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB,
avalia que "quanto pior e indeciso estiver o cenário mundial,
maior será a percepção de risco". E, em um cenário de crescente aversão ao risco, a Bovespa terá maiores dificuldades
para permanecer descolada das
outras Bolsas e com níveis menores de instabilidade.
Na semana passada, muito se
falou sobre a necessidade de
bancos serem estatizados, especialmente nos Estados Unidos, o que derrubou os papéis
das instituições financeiras ao
redor do mundo.
"A questão bancária é central. É crucial que a capacidade
dos bancos para oferecer crédito seja retomada nos Estados
Unidos", afirma Padovani.
Se o cenário externo continuar se deteriorando, o capital
estrangeiro deve voltar a fugir
da Bovespa, o que tiraria fôlego
do mercado local. Neste mês,
até o dia 17, o saldo das operações dos estrangeiros está positivo em R$ 1,12 bilhão. Mas já
foi bem melhor: no dia 9, esse
saldo era de R$ 2,19 bilhões.
Essa diminuição no apetite
externo por ações do país tem
sido notada nos últimos pregões, segundo operadores, o
que ajuda a explicar o porquê
de a Bolsa paulista ter sofrido
perdas de 7,1% na semana.
"Presenciamos certo descolamento da Bovespa das outras
Bolsas neste começo de ano.
Mas o cenário externo sempre
vai ter reflexos por aqui, especialmente se a situação continuar se agravando. Em um momento em que a crise se tornar
mais aguda, não há como nosso
mercado não sentir", diz Newton Rosa, economista-chefe da
Sul América Investimentos.
Os estrangeiros respondem
por aproximadamente 35% das
operações feitas na Bovespa.
Por isso, o apetite da categoria
influencia bastante o mercado
acionário local.
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