São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

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Bolsa de SP oscila menos e ainda resiste à piora externa

Índice que mede oscilação de ações está em 37%, contra 112% no pico da crise, em outubro

Menor volatilidade beneficia principalmente os pequenos investidores, que não compram e vendem diariamente papéis na Bolsa

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa tem conseguido resistir em meio a um cenário de muita tensão no mercado acionário internacional. Além de ser das poucas Bolsas de Valores que estão no azul no ano, a Bovespa tem atravessado um período de menor volatilidade -notícia relevante principalmente para o pequeno investidor, que não compra e vende ações diariamente.
A volatilidade representa a intensidade e a frequência das oscilações nos valores das ações. Assim, volatilidade mais elevada representa maiores dificuldades para os investidores escolherem os papéis em que vão aplicar na Bolsa de Valores. O índice de volatilidade do Ibovespa, medido pela própria Bolsa, ficou em 37,06% considerando o período de um mês. Se forem avaliados os últimos seis meses, o índice salta para 68,16%. No mês de outubro, no pico da crise, o índice de volatilidade do índice Ibovespa alcançou os 112%.
Mas analistas alertam que, se o cenário internacional seguir se deteriorando, com as incertezas em relação ao futuro do setor bancário de volta ao centro dos temores, a Bovespa pode voltar a ficar mais volátil e mesmo passar a apresentar resultado negativo.
No ano, a Bovespa está com valorização acumulada de 3,10%. Em Wall Street, o índice Dow Jones sofre com desvalorização de 16,07%. Na Europa, a Bolsa de Londres tem perdas de 12,29% no ano. O índice Nikkei, de Tóquio, acumula depreciação de 16,29%.
Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB, avalia que "quanto pior e indeciso estiver o cenário mundial, maior será a percepção de risco". E, em um cenário de crescente aversão ao risco, a Bovespa terá maiores dificuldades para permanecer descolada das outras Bolsas e com níveis menores de instabilidade.
Na semana passada, muito se falou sobre a necessidade de bancos serem estatizados, especialmente nos Estados Unidos, o que derrubou os papéis das instituições financeiras ao redor do mundo.
"A questão bancária é central. É crucial que a capacidade dos bancos para oferecer crédito seja retomada nos Estados Unidos", afirma Padovani.
Se o cenário externo continuar se deteriorando, o capital estrangeiro deve voltar a fugir da Bovespa, o que tiraria fôlego do mercado local. Neste mês, até o dia 17, o saldo das operações dos estrangeiros está positivo em R$ 1,12 bilhão. Mas já foi bem melhor: no dia 9, esse saldo era de R$ 2,19 bilhões.
Essa diminuição no apetite externo por ações do país tem sido notada nos últimos pregões, segundo operadores, o que ajuda a explicar o porquê de a Bolsa paulista ter sofrido perdas de 7,1% na semana.
"Presenciamos certo descolamento da Bovespa das outras Bolsas neste começo de ano. Mas o cenário externo sempre vai ter reflexos por aqui, especialmente se a situação continuar se agravando. Em um momento em que a crise se tornar mais aguda, não há como nosso mercado não sentir", diz Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Os estrangeiros respondem por aproximadamente 35% das operações feitas na Bovespa. Por isso, o apetite da categoria influencia bastante o mercado acionário local.


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