São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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POLÍTICA MONETÁRIA
Após seis meses, taxa básica da economia continua em 19%, mas redução pode ocorrer em abril
BC mantém juro, mas aponta baixa

da Sucursal de Brasília

O Banco Central manteve os juros básicos da economia em 19% anuais, mas sinalizou que poderá baixar a taxa pela primeira vez desde 23 de setembro de 1999.
A indicação da tendência de queda foi feita por meio do anúncio do chamado viés de baixa. Esse mecanismo autoriza o presidente do BC, Armínio Fraga, a reduzir a taxa, a seu exclusivo critério, sem esperar pela próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que ocorre em 18 e 19 de abril próximos.
O Copom é um colegiado formado por diretores e chefes de departamento do BC, que se reuniu nos dois últimos dias para definir a trajetória de juros básicos da economia.
A decisão está dentro das expectativas de mercado. Parte dos analistas apostava na manutenção dos juros em 19% anuais, mas parte deles achava possível a taxa cair até 0,5 ponto percentual.
As explicações oficiais do Copom sobre a manutenção dos juros só devem ser conhecidas na próxima semana, quando será divulgada a ata do encontro encerrado ontem. Os juros não caem há seis reuniões.
O anúncio do viés de baixa significa que, para o BC, são menores os riscos de que a meta de inflação (de 4% a 6% para este ano) não seja cumprida.
Desde o final de 1999 o BC vem apontando três fatores de risco: a alta das tarifas públicas, a expectativa de elevação de juros nos países desenvolvidos e a pressão sobre os preços do petróleo.
A meta de inflação é o principal balizador da política de juros. Se há fatores que ameacem esse objetivo, o Copom tem menos espaço para reduzir suas taxas.
A expectativa do BC é que as tarifas públicas tenham uma alta de 9,2% neste ano, percentual superior à meta de inflação.
O BC acompanha também a acomodação do preço internacional do petróleo. O barril chegou a superar US$ 30, mas ontem fechou em US$ 25,60, próximo aos valores usados pelo BC em suas projeções.
O Copom trabalha com possibilidade de os juros norte-americanos subirem um ponto percentual neste ano. Até agora, o banco central dos Estados Unidos, o Fed, já elevou os juros em 0,5 ponto percentual.
O BC define os juros básicos da economia por meio do anúncio de uma meta para a chamada taxa Selic, que é a média dos negócios de curtíssimo prazo com títulos públicos federais.
Essa é considerada a taxa básica porque tem influência sobre os juros vigentes em toda a economia. Com base nela, os bancos definem quanto vão pagar pelos depósitos a prazo e fixam os juros cobrados em empréstimos.
Em março do ano passado, o BC elevou os juros ao pico de 45% anuais para frear pressões inflacionárias decorrentes da desvalorização do real, ocorrida dois meses antes.
Superados os receios iniciais, o BC patrocinou reduções consecutivas da taxa. Somente em abril do ano passado, os juros caíram três vezes. Desde 22 de setembro de 2000 os juros estão estáveis em 19% anuais.



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