São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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PESQUISA
Senac ouve cem empresas de diversos portes sobre como aplicam dinheiro fora da atividade principal
Investimento social prioriza educação

MARCELO DIEGO
Editor-assistente de Dinheiro

A educação é o segmento que mais recebe dinheiro de empresas sediadas em São Paulo com programas de investimento social.
Essa é uma das conclusões da pesquisa pioneira "Perfil das Empresas que Investem em Projetos Sociais na Comunidade", realizada pelo Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) de São Paulo, entre outubro de 1998 e outubro de 1999, e obtida com exclusividade pela Folha.
Segundo Neusa Maria Goys, gerente do Centro de Educação Comunitária para o Trabalho e que coordenou o trabalho, a pesquisa surgiu por causa da falta de dados confiáveis sobre investimentos sociais de empresas no Brasil.
"A gente começou a sentir necessidade de um trabalho de investigação para levantar números confiáveis", disse.
O levantamento foi feito com 207 empresas de médio (entre 100 e 499 funcionários) e grande porte (a partir de 500 funcionários) e que tenham atuação no Estado de São Paulo, fossem elas de capital privado ou público, nacional ou multinacional.
Como a pesquisa era espontânea, apenas cem (48,3%) devolveram o questionário respondido. Todas tinham programas de ação social.
O valor médio de investimento é de US$ 100 mil dólares por ano em programas de investimento social para 27% das empresas pesquisadas. Cerca de 3%, no entanto, aloca mais de US$ 10 milhões ao ano para programas dessa natureza.
Segundo estimativas do Gife (Grupo de Instituições, Fundações e Empresas), o investimento feito por empresas brasileiras deve ficar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões ao ano.
São investimentos destinados principalmente à área de educação. Os programas de alfabetização e educação básica recebem 17,1% dos recursos, enquanto a educação profissionalizante e a capacitação de jovens para o mercado de trabalho fica com 14,5%. Somados (31,6%) os itens ficam bem distantes do segundo lugar: investimentos em saúde e melhoria na qualidade de vida (15,4%).

Doações
A forma mais comum de as empresas investirem em projetos sociais é por meio de doação de produtos e serviços (22%) e cessão de equipamentos e outros recursos materiais (18,5%).
Os parceiros preferidos pelas empresas são instituições sociais (24%) e escolas (21,2%). A idoneidade é o principal critério (28,4%) para definir uma parceria.
Pelo menos nas respostas dadas, as empresas dizem que o investimento não é feito por questão de propaganda externa. A maior parte da divulgação (30,7%) é feita somente em publicações externas das empresas.
"Seria ingenuidade achar que as empresas fazem isto apenas pelo caráter social. É lógico que tem uma pitada de marketing. Mas em vários casos a empresa faz investimentos em áreas cujo retorno é incerto e não tem confiança para ficar divulgando", disse Neusa Goys, do Senac.
Pesquisa realizada no ano passado, nos EUA, pelo Business for Social Responsability (Negócios para Responsabilidade Social, em tradução livre) indicou que 76% dos consumidores norte-americanos preferem comprar marcas e produtos envolvidos em projetos sociais.
O Senac pretende seguir com as pesquisas, por se tratar de um setor dinâmico e para ter bases de comparação. O resultado do próximo tende a ser melhor, se as empresas cumprirem o que prometeram: 49% disseram que vão ampliar seus investimentos sociais.


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