|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PESQUISA
Senac ouve cem empresas de diversos portes sobre como aplicam dinheiro fora da atividade principal
Investimento social prioriza educação
MARCELO DIEGO
Editor-assistente de Dinheiro
A educação é o segmento que
mais recebe dinheiro de empresas
sediadas em São Paulo com programas de investimento social.
Essa é uma das conclusões da
pesquisa pioneira "Perfil das Empresas que Investem em Projetos
Sociais na Comunidade", realizada pelo Senac (Serviço Nacional
de Aprendizagem Comercial) de
São Paulo, entre outubro de 1998
e outubro de 1999, e obtida com
exclusividade pela Folha.
Segundo Neusa Maria Goys, gerente do Centro de Educação Comunitária para o Trabalho e que
coordenou o trabalho, a pesquisa
surgiu por causa da falta de dados
confiáveis sobre investimentos
sociais de empresas no Brasil.
"A gente começou a sentir necessidade de um trabalho de investigação para levantar números
confiáveis", disse.
O levantamento foi feito com
207 empresas de médio (entre 100
e 499 funcionários) e grande porte (a partir de 500 funcionários) e
que tenham atuação no Estado de
São Paulo, fossem elas de capital
privado ou público, nacional ou
multinacional.
Como a pesquisa era espontânea, apenas cem (48,3%) devolveram o questionário respondido.
Todas tinham programas de ação
social.
O valor médio de investimento
é de US$ 100 mil dólares por ano
em programas de investimento
social para 27% das empresas
pesquisadas. Cerca de 3%, no entanto, aloca mais de US$ 10 milhões ao ano para programas dessa natureza.
Segundo estimativas do Gife
(Grupo de Instituições, Fundações e Empresas), o investimento
feito por empresas brasileiras deve ficar entre R$ 500 milhões e R$
600 milhões ao ano.
São investimentos destinados
principalmente à área de educação. Os programas de alfabetização e educação básica recebem
17,1% dos recursos, enquanto a
educação profissionalizante e a
capacitação de jovens para o mercado de trabalho fica com 14,5%.
Somados (31,6%) os itens ficam
bem distantes do segundo lugar:
investimentos em saúde e melhoria na qualidade de vida (15,4%).
Doações
A forma mais comum de as empresas investirem em projetos sociais é por meio de doação de produtos e serviços (22%) e cessão de
equipamentos e outros recursos
materiais (18,5%).
Os parceiros preferidos pelas
empresas são instituições sociais
(24%) e escolas (21,2%). A idoneidade é o principal critério (28,4%)
para definir uma parceria.
Pelo menos nas respostas dadas, as empresas dizem que o investimento não é feito por questão de propaganda externa. A
maior parte da divulgação
(30,7%) é feita somente em publicações externas das empresas.
"Seria ingenuidade achar que as
empresas fazem isto apenas pelo
caráter social. É lógico que tem
uma pitada de marketing. Mas
em vários casos a empresa faz investimentos em áreas cujo retorno é incerto e não tem confiança
para ficar divulgando", disse
Neusa Goys, do Senac.
Pesquisa realizada no ano passado, nos EUA, pelo Business for
Social Responsability (Negócios
para Responsabilidade Social, em
tradução livre) indicou que 76%
dos consumidores norte-americanos preferem comprar marcas
e produtos envolvidos em projetos sociais.
O Senac pretende seguir com as
pesquisas, por se tratar de um setor dinâmico e para ter bases de
comparação. O resultado do próximo tende a ser melhor, se as empresas cumprirem o que prometeram: 49% disseram que vão ampliar seus investimentos sociais.
Texto Anterior: Mercado financeiro: Copom deve determinar rumo da Bolsa Próximo Texto: Múlti 'adota' três escolas em Itupeva Índice
|