São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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BRASIL-ARGENTINA
Ministro quer evitar guerra
Machinea teme pelo futuro do Mercosul

VANESSA ADACHI
de Buenos Aires

O ministro da Economia argentino, José Luis Machinea, afirmou ontem que Brasil e Argentina têm de negociar para evitar que a crise atual entre os dois países acabe em uma guerra comercial dentro do Mercosul. Segundo ele, é preciso fazer um "acordo político de estímulo regional".
Industriais e políticos argentinos têm reclamado que empresas estão deixando o país rumo ao Brasil por conta de subsídios oferecidos por Estados brasileiros. Embora se fale em um número grande de empresas, não existem registros precisos sobre isso. Muitos governadores de Províncias argentinas têm reagido oferecendo benefícios para atrair indústrias também, num fenômeno que já é chamado por alguns de "guerra fiscal no Mercosul".
"Se a crise do Mercosul persiste, pode ser desencadeada uma guerra entre Estados brasileiros e Províncias argentinas, para ver qual fica com a maior quantidade de empresas à custa de oferecer vantagens comparativas", afirmou o ministro à emissora de rádio "América".
"E, se isso ocorrer, o Mercosul pode se converter em um lugar de leilões, onde as empresas irão de um país para outro para ver qual oferece mais em termos de subsídios", completou Machinea.
Representantes dos dois países iniciam hoje em Buenos Aires uma rodada de negociações de três dias. O primeiro tema será o regime automotivo comum. Depois será discutida a agenda do encontro de ministros do bloco, marcado para 26 a 28 de abril, em que se pretende "relançar" o Mercosul.
Ele propôs como solução que os dois países escolham seis ou sete setores de maior conflito comercial para integrar o que chamou de "um período de adequação".
O ministro não detalhou o que seria isso, mas em outras ocasiões já deixou entrever que pretende pedir mecanismos de compensação para os setores mais afetados pela competição brasileira.


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