São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2004

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EFEITO CASCATA

Com assassinato de xeque palestino, investidores buscam papéis do Tesouro dos EUA; Bovespa cai 2,68%

Bolsas caem, e risco sobe em emergentes

Michael Probst/Associated Press
Operador da Bolsa de Frankfurt; os principais mercados financeiros reagiram à crise geopolítica


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um clima tenso se instalou nos mercados financeiros internacionais após o assassinato do fundador do grupo militante palestino Hamas, xeque Ahmed Yassin. Bolsas caíram, e o risco-país de países emergentes -termômetro da desconfiança estrangeira em seus títulos- subiu.
Investidores temem um ciclo mais violento de ataques terroristas em retaliação ao assassinato do líder palestino.
"Nesse cenário de dúvidas, houve uma grande venda de títulos da dívida de países emergentes para a compra de papéis do Tesouro norte-americano", diz Paulo Gomes, da consultoria Global Invest.
O Brasil foi um dos destaques negativos do mercado. O risco-país brasileiro registrou aumento de 4,7%, para 554 pontos. A Bolsa de Valores de São Paulo teve uma fraca movimentação, com os investidores à espera de um clima mais favorável. O pregão fechou o dia com perdas de 2,68%.
O Embi+, que representa a média da variação do risco-país de 19 economias emergentes, subiu para 438 pontos, em alta de 2,1%.
O risco-país é um indicador elaborado pelo banco JP Morgan. O indicador aponta o prêmio pago por papéis de países emergentes quando comparado aos juros dos títulos do Tesouro dos EUA, estes considerados de risco zero. Por isso, quando os mercados ficam mais tensos, é normal que os títulos dos EUA subam e os dos emergentes caiam.
Do ponto de vista formal, risco-país em níveis mais elevados indica a probabilidade maior de um país não honrar suas dívidas. Com isso, aumentam as dificuldades para empresas e governo obterem empréstimos e renegociarem seus compromissos.
Em setembro de 2002, quando o país se preparava para as eleições presidenciais, o risco brasileiro atingiu seu nível recorde, de 2.443 pontos. Caiu acentuadamente no ano passado.
"Esse cenário ruim deve durar mais alguns dias, mas não acho que tenhamos uma grande mudança de tendência. Se não ocorrerem novos ataques terroristas, o mercado deve melhorar em pouco tempo, o que é importante para os emergentes", afirma Marcelo Brandão, analista da López & Leon Corretora.
No mercado brasileiro, o dólar encerrou os negócios pressionado. A valorização da moeda norte-americana diante do real ontem ficou em 0,38%, vendida a R$ 2,913. Essa foi a maior cotação da moeda em quase dois meses.
Os C-Bonds, títulos brasileiros mais negociados no exterior, fecharam a US$ 0,9719, com desvalorização de 1,08%.
O risco-país do México, dono da economia mais representativa da América Latina, ao lado do Brasil, subiu 1,07%. O risco russo teve alta de 3%, chegando a 263 pontos; o da Nigéria subiu 4,2% e atingiu 752 pontos.


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