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TANGO
País poderá ser obrigado a aumentar juros e superávit primário "no médio prazo", diz Anne Krueger, dirigente do Fundo
FMI aprova revisão com Argentina, mas endurece cobranças
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Os 24 membros do comitê executivo do FMI (Fundo Monetário
Internacional) aprovaram ontem,
por unanimidade, a segunda revisão do acordo com a Argentina,
ao permitir um novo desembolso
de US$ 3,1 bilhões ao país.
Na revisão, houve um endurecimento das cobranças e alguns
países condicionaram o apoio futuro à Argentina ao cumprimento
das metas acertadas ontem.
A diretora-gerente interina do
Fundo, Anne Krueger, afirmou
que a Argentina poderá ser obrigada a apertar sua política monetária (leia-se aumentar juros) em
razão de um crescente "gargalo"
no setor produtivo, que poderá
pressionar a inflação.
Krueger disse ainda que a "rápida recuperação" argentina permitirá ao governo "aumentar sua
poupança na área fiscal no médio
prazo, conforme compromisso
assumido na carta de intenções".
Isso significa que a Argentina
deverá ser obrigada "no médio
prazo" a aumentar acima dos
atuais 3% do PIB (Produto Interno Bruto) o seu superávit primário (economia para pagar juros).
O Fundo qualificou com "bem-vindo" o "compromisso" argentino de avançar nas negociações
com seus credores sobre a dívida
em moratória de US$ 88 bilhões.
A Argentina, segundo Krueger,
apresentou o nome de seis bancos
de investimento (três dos quais
estrangeiros) para supervisionar
o processo de negociação e se
comprometeu a reunir-se em
Buenos Aires, entre os dias 24 de
março e 16 de abril, com representantes de 25 grupos de credores
internacionais.
"Uma implementação consistente da reestruturação da dívida
será essencial para a continuidade
do apoio internacional [à Argentina]", disse Krueger.
Segundo um dos participantes
da reunião, embora a revisão tenha sido aprovada por unanimidade, houve "níveis diferentes de
satisfação, alguns bastante baixos", com o comprometimento
argentino.
Países como a Suécia e a Itália
teriam votado ontem a favor dos
argentinos com a condição de o
país cumprir todos os detalhes
acertados nessa segunda revisão.
Em janeiro, durante a primeira
revisão do atual acordo, 8 entre os
24 países que integram o comitê
executivo se abstiveram de votar a
favor da Argentina.
Já na próxima revisão, prevista
para junho, deverá ocorrer uma
rigorosa avaliação dando conta se
a Argentina de fato cumpriu o que
foi acordado.
A maior preocupação de alguns
países durante a reunião de ontem ainda ficou concentrada no
andamento das negociações entre
a Argentina e seus credores.
Os EUA, maiores acionistas do
FMI, também já haviam prometido ao Congresso americano pressionar a Argentina a aumentar a
meta de superávit primário.
Krueger afirmou também que a
Argentina precisará "fazer esforços adicionais" para melhorar as
tarifas de concessionárias de serviços públicos. "Uma importante
prioridade nessa área é desenvolver um sistema regulatório", afirma Krueger.
Parte do problema, relacionado
aos preços cobrados de grandes
consumidores desses serviços, já
estaria equacionada.
Na área bancária, o Fundo quer
que Argentina "acelere o pagamento de compensações e leve
adiante um calendário para uma
revisão estratégica de seus dois
principais bancos públicos".
O atual acordo entre o Fundo e a
Argentina foi assinado em setembro passado, é válido por três
anos e prevê desembolsos totais
de US$ 13,3 bilhões ao país.
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