São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2004

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CAIS PARADO

Paralisação no porto de Paranaguá chega ao quinto dia, mas protesto perde adesão do sindicato dos estivadores

Greve no Paraná continua, mas perde força

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAGUÁ

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A paralisação no porto de Paranaguá (PR) entra hoje no quinto dia sem perspectiva de fim do protesto de operadores e sindicatos de trabalhadores do terminal, deflagrado na sexta-feira.
Ontem, porém, o protesto perdeu a adesão do sindicato dos estivadores, o maior grupo de trabalhadores do porto -cerca de 2.500 empregados avulsos. Depois de assinar um manifesto em que pediam a destituição do superintendente -que acusam de falta de diálogo e de ser responsável por entraves na movimentação do porto-, a direção do sindicato foi pressionada a voltar atrás, em assembléia pela manhã.
O recuo dos estivadores se deu antes de uma carreata que interrompeu o centro de Paranaguá, no final da manhã. Liderada pelos operadores e agentes marítimos, a manifestação ganhou a adesão de parte do comércio, que fechou as portas e colocou faixas pretas nas fachadas.
No início da noite, o superintendente do porto, Eduardo Requião, se uniu a um grupo de cerca de cem caminhoneiros que pressionavam pela retomada da atividade no terminal. A destituição do superintendente -que é irmão do governador Roberto Requião (PMDB)- é a principal reivindicação dos sindicatos.
O governador disse que não atenderá ao pedido.
Cerca de 5.000 caminhoneiros, segundo a Polícia Rodoviária Federal -a Defesa Civil diz que havia 2.672 caminhões até a manhã de ontem-, esperam no acostamento da BR-277, entre Curitiba e Paranaguá, para descarregar soja, milho e farelo. Alguns estão na fila há oito dias.
Em razão da suspensão do carregamento de navios, desde a última sexta-feira, 2.800 vagões carregados com soja e farelo não entraram no porto, segundo a empresa América Latina Logística, que explora a concessão ferroviária no Sul do país.
No final da tarde, a superintendência do porto anunciava nas rádios de Paranaguá a convocação de todos os trabalhadores para retomar as atividades hoje, sob ameaça de dispensa e substituição por outras pessoas.
A assessoria do porto informou no final da tarde que o terminal tem funcionários treinados para assumir todas as funções.

Prejuízos
O governador Roberto Requião afirmou, pela manhã, que não tira o irmão da administração do porto e que a paralisação não causa prejuízo ao terminal. Segundo ele, o prejuízo é dos exportadores donos das cargas e dos caminhoneiros que esperam na fila do desembarque. "Eles apostaram no caos, mas se deram mal", afirmou, referindo-se aos operadores. Requião diz que o movimento tem como alvo a privatização do porto.
O governo distribuiu arroz, feijão e charque para o almoço de ontem dos caminhoneiros. À tarde, a Defesa Civil distribuiu pão com mortadela.
Por ordem do governo, a Delegacia de Paranaguá abriu inquérito para responsabilizar criminalmente os líderes da paralisação. Diretores do sindicato dos operadores foram intimados a comparecer hoje à delegacia, para prestar esclarecimentos.


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