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Fazenda vê dívida em 42% do PIB neste ano
Estimativa preliminar usa cálculo novo do IBGE; em 2006, deve ficar em 45%
Mas nova metodologia para medição do PIB dificultará cumprimento de meta atual para o superávit primário neste ano
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida do governo deve
chegar ao fim deste ano em cerca de 42% do PIB, segundo dados preliminares do Ministério
da Fazenda. Se confirmado, representará queda de aproximadamente três pontos percentuais no endividamento público em relação a 2006 e só será
alcançado graças à revisão que
o IBGE fez nos valores do PIB.
A última vez em que a dívida
pública esteve abaixo de 42%
do PIB foi em dezembro de
1998, antes da crise cambial
que forçou o governo a desvalorizar o real ante ao dólar. Naquele mês, a relação dívida/PIB
foi de 41,71%, e o cálculo, feito
com base na metodologia antiga do IBGE.
O impacto do novo cálculo do
PIB no superávit primário
(economia que o governo faz
para pagar juros da dívida pública) será o oposto. Segundo
primeiras avaliações da equipe
econômica, o resultado de
2006, que era de 4,33% do PIB,
ficará entre 3,9% e 4%.
Com isso, o governo, pela primeira vez, desde 1998, terá descumprido uma meta de superávit primário (4,25%), embora
não voluntariamente.
De acordo com o secretário-adjunto de Política Econômica
do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, o comportamento
da dívida em relação ao PIB deve ser semelhante ao que ocorreu em 2004, ano em que a economia cresceu e os juros caíram. Pela metodologia antiga, a
dívida era de 51,7% do PIB.
Mas, depois de recalculada com
base no PIB mais alto divulgado pelo IBGE, caiu para 47%.
O ganho de quase cinco pontos percentuais de 2004 não
deve se repetir neste ano, embora a economia também esteja num bom momento, e o juro,
em queda. Naquela época, o
país tinha boa parte de sua dívida em dólar, e a valorização do
real em 2004 reduziu a dívida.
"Esse efeito não deve se repetir em 2007 porque a dívida em
dólar foi praticamente eliminada. Por isso, a relação dívida/
PIB deve cair numa proporção
menor", disse Barbosa.
A trajetória da dívida é um
dos principais indicadores observados pelos investidores internacionais para avaliar a solvência de um país. Com um endividamento elevado e uma
economia crescendo pouco, o
país pode não ter caixa para pagar os credores.
Assim, é importante que o
governo economize recursos
para pagar juros, o chamado superávit primário, para fazer
com que a dívida seja mantida
sob controle. Com a revisão do
PIB, um superávit de 4,25% do
PIB só ocorrerá com um corte
maior nos gastos do governo ou
arrecadação maior. A outra opção é fazer um superávit primário menor em relação ao PIB.
Em 2006, segundo estimativa da Fazenda, a dívida ficou
em 45,1% do PIB pelo novo cálculo. Pela antigo, em 50%.
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