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Alta de commodities pode não se sustentar
Para analista, performance tende a ser sofrível no cenário atual, com deflação e excesso de produção devido à crise
Na opinião de muitos especialistas, investidores compraram commodities para se proteger contra o risco de alta da inflação
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de a demanda por
commodities como petróleo e
ouro ter melhorado na semana
passada, em relação ao final do
ano de 2008, as condições
atuais ainda não sustentam os
preços no atual patamar, segundo analistas.
"Nesse cenário de deflação,
as commodities tendem a ter
uma performance sofrível", diz
Marcelo Ribeiro, da Pentágono
Asset Management.
"A alta das commodities foi
uma reação meramente técnica
e, agora, voltamos à dura realidade do excesso de produção",
afirma Ribeiro.
A semana foi boa para os
mercados, apesar de, na sexta-feira, algumas commodities terem devolvido parte da valorização que haviam tido.
Para muitos analistas, os
mercados estavam ignorando
as condições desfavoráveis para o curto prazo.
A impressão é de que investidores compraram commodities, como petróleo, ouro, cobre
e açúcar, para se proteger contra o inesperado risco de alta da
inflação por causa das agressivas política monetárias, com
juros próximos de zero nos
EUA e na Europa.
Estímulo do Fed
O temor que deu um gás para
as commodities foi causado pelas decisões do Fed (Federal
Reserve, o banco central dos
Estados Unidos) para estimular o crédito.
Para efetivar uma de suas
medidas, a de comprar US$ 300
bilhões de títulos públicos e papéis lastreados em hipotecas, a
autoridade monetária americana terá de imprimir dinheiro, o
que gera o risco de a inflação
subir.
As commodities haviam caído muito com o medo de que o
mundo estivesse caminhando
para a depressão, o que reduziria a demanda pelos produtos
básicos da indústria.
Mesmo com a queda de muitos preços na sexta-feira passada, nos últimos trinta dias, o
preço do barril de petróleo do
tipo West Texas subiu em Nova
York 29,33%, sendo cotado a
US$ 51,06, e o Brent, em Londres, 22,27%.
Desde novembro passado, o
petróleo não ficava acima de
US$ 50.
Outras commodities
O cobre e o chumbo registraram alta de 18,84% e de 20%,
respectivamente, em um mês.
"A melhora nos preços do petróleo e do cobre estaria mais
relacionada à busca de recomposição de estoques pelos chineses e à esperança de recuperação sustentada daquela economia do que a uma mudança
real no ciclo global", segundo
relatório de Albert Edwards, do
banco Société Générale, no
Reino Unido.
Recuperação
A origem da alta acentuada
nos preços de commodities parece estar na mudança de política do Fed e não numa repentina mudança entre oferta e demanda, afirma o analista James
Steel, em relatório do HSBC,
em Nova York . "Não está claro
se preços mais altos de commodities podem se sustentar."
Nos próximos meses, as forças deflacionárias estarão muito fortes, na opinião de Ribeiro.
"Consumidores e investidores estarão se esquivando de
ofertas de venda de produtos,
serviços e ações, [num cenário]
de ausência de crédito e excesso de capacidade de produção
em praticamente todos os seguimentos da economia global", afirma.
"A partir de 2011, o crédito
terá voltado lentamente, consumidores e investidores estarão menos deprimidos e os
efeitos das medidas do Fed estarão mais presentes."
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