São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2010

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Ação de empresa de Eike cai 12,5% na estreia

Ceticismo do mercado coloca em dúvida viabilidade de captações; bancos preparam sete IPOs e duas vendas de ações

Eike levanta menos de 30% do planejado na abertura de capital da OSX; empresário prevê melhora do mercado de ações no 2º semestre

Alessandro Shinoda/Futura Press
Eike Batista durante a estreia da OSX na Bolsa de Valores de SP; empresa de navios ainda está em estágio operacional embrionário

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da OSX, nova empresa de construção de navios do bilionário Eike Batista, estrearam ontem com baixa de 12,5% na Bolsa. O ceticismo do mercado em relação à companhia do grupo EBX, que sempre contou com a simpatia dos investidores estrangeiros, coloca em dúvida a viabilidade de novas ofertas de ações na Bolsa.
No forno, estão sete IPOs (ofertas iniciais de ações), incluindo as captações da construtora W/Torre e da supermercadista de origem portuguesa Sonae. Gafisa e Hypermarcas também planejam captar recursos com ações. A mando do governo brasileiro, os bancos de investimento trabalham ainda para fazer duas das maiores captações de recursos do mundo: o aumento de capital do Banco do Brasil, que deve levantar R$ 10 bilhões, e a capitalização da Petrobras, que deve obter US$ 50 bilhões.
Para não sucumbir ao fracasso completo, o empresário Eike Batista aceitou reduzir o preço e diminuir a quantidade de ações da OSX vendidas na Bolsa. No final, acabou levantando apenas R$ 2,82 bilhões -menos de 30% do total de quase R$ 10 bilhões planejados.
Na estreia ontem, Eike reconheceu que as condições atuais de mercado estavam bastante difíceis. "Fora do Brasil, as fundações estão rebalanceando seus portfólios e eles são grandes investidores. Mas, no segundo semestre, vai melhorar com a retomada dos Estados Unidos e a criação de empregos", disse o empresário.
Na semana passada, a Renova Energia, empresa gestora de pequenas hidrelétricas, decidiu suspender por 60 dias seu IPO.
O IPO do OSX foi o quarto do ano na Bolsa. Em comum, todos eles saíram com preço abaixo do estimado nos prospectos e estrearam com desvalorização no primeiro dia de negócios. Os papéis da gestora de shoppings Aliansce começaram com baixa de 2,51%, e os da BR Properties, administradora de imóveis comerciais, de 2,3%. As ações da Multiplus, o programa de milhas da TAM, estrearam com baixa de 0,93%.
"O mercado está muito seletivo. A OSX é muito embrionária ainda. Isso serve de lição para as próximas empresas que estão pensando em fazer IPO. Não adianta colocar empresa com tíquete caro porque não vai ter demanda", disse Fausto Gouveia, da Legan Asset.
No caso da OSX de Eike, há um agravante: a empresa ainda está em estágio operacional embrionário -é praticamente um projeto.

Estrangeiros
Para Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec-SP (associação dos analistas), o sucesso dos IPOs brasileiros depende da adesão do investidor estrangeiro, que costuma comprar 60% das ações vendidas.
Alexandre afirma que não há dificuldade em analisar as perspectivas de uma empresa que é apenas um projeto.
"A única diferença é que ela não tem histórico. Mas quem compra ação hoje não está olhando o passado; está olhando para a frente. O investidor tem que olhar os investimentos porque só depois é que virão as receitas", disse.
Na oferta da OSX, o investidor pessoa física só podia entrar com o mínimo R$ de 300 mil. A operação permite que o investidor pessoa física desista da operação após o primeiro dia de negócios. Com isso, é possível que a captação da OSX tenha desistência ainda hoje.


Com a Bloomberg


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