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Variedade anterior, em gomos, frustra produtores
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na contramão das promessas
acerca do IAC fantástico, outra
variedade de abacaxi lançada
pelo IAC (Instituto Agronômico) nos anos 1990 -o IAC gomos de mel- pode estar com os
dias contados nas plantações
brasileiras.
O gomos de mel ganhou destaque em 2005 e se tornou, então, a nova aposta dos produtores de abacaxi. Seu diferencial
era o consumo em gomos, que
acabava com a necessidade de
descascar a fruta.
Outra característica marcante era o alto índice brix -aferição de teor de açúcar-, que
chegava a 26, contra 13, em média, das outras variedades.
O que pareceu extremamente atrativo ao consumidor, contudo, se tornou problemático
para os produtores. A alta suscetibilidade do novo tipo à frutariose -doença típica do abacaxi- e o tamanho reduzido
dos frutos tornou a produção
pouco ou nada rentável em função das perdas.
José Guedes, produtor da região de Rio Claro que hoje investe no IAC fantástico, vai "erradicar totalmente" a plantação do gomos de mel. "É uma
cultura que não valeu a pena.
De que adianta usar fungicida e
não resolver?", questiona.
Além da doença, outro aspecto negativo apontado por produtores é o excesso de espinhos, o que dificulta o consumo
e a colheita, que passou a exigir
roupas especiais para proteger
os trabalhadores.
"Machuca muito e o consumidor não gosta", diz Shoji Korin, presidente da associação de
produtores de abacaxi de Guaraçaí, grande município produtor no oeste de São Paulo.
Além dos problemas de produção, Korin diz não ser possível comer o gomos de mel com
facilidade. "Não é igual à fruta
de pinho, também tem que descascar", afirma, contrariando a
principal publicidade da fruta.
No entanto, segundo Ademar
Spironello, técnico do IAC que
participou do desenvolvimento
do IAC fantástico e do IAC gomos de mel, a produção do gomos não irá se extinguir.
"Pode ser uma fruta de renda
muito boa e alguns produtores
estão desenvolvendo bem o
produto", afirma.
Ele ressalva, porém, que a variedade deverá manter como
característica a produção em
pequenas quantidades. O motivo é o custo maior pelo alto percentual de frutos pequenos e
pela necessidade de mais investimento em fungicidas.
Spironello garante que ainda
existe procura por mudas do
IAC gomos de mel e que, hoje, a
variedade já é produzida fora
de São Paulo, mas não soube
apontar em quais localidades.
"Não deixa de ser um nicho,
principalmente para grandes
redes de supermercados. É um
fruto de qualidade extraordinária", diz.
(FM)
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