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TRABALHO
Paralisação atinge unidade de São José dos Campos; funcionários querem reajuste de 10,93% e recusam abono de 40%
Metalúrgico da GM entra em greve no Vale
MARIA TERESA MORAES
DA FOLHA VALE
Cerca de 10,5 mil operários das
fábricas da General Motors e da
sua subsidiária, GM Powertrain,
em São José dos Campos (91 km
de São Paulo), entraram em greve
ontem por tempo indeterminado
por causa da recusa da montadora em oferecer reajuste salarial fora da data-base da categoria.
A principal reivindicação dos
metalúrgicos é a concessão de
reajuste extraordinário de
10,93%, relativo à inflação desde
novembro, mês da data-base. Eles
também pedem redução da jornada de trabalho e a implantação
de um gatilho salarial sempre que
a inflação chegar a 3%.
A greve ocorre uma semana
após os operários da montadora
terem feito uma greve de advertência de 24 horas, que paralisou
totalmente a produção da unidade, que fabrica 764 veículos (dos
modelos Corsa e S-10) por dia e
cerca de 1.800 motores por hora.
Para tentar evitar a greve, a empresa apresentou uma contraproposta, na semana passada, de pagamento de abono de 36% sobre
os salários dos operários que ganham até R$ 1.600 por mês.
De acordo com a proposta da
montadora, o abono seria pago
em quatro parcelas, cada uma delas correspondente a 9% do salário, nos meses de abril, maio, julho e agosto deste ano, o que beneficiaria, segundo o sindicato,
aproximadamente 60% dos funcionários da unidade.
Ontem à noite, a GM elevou a
proposta de abono para 40%, mas
a oferta foi rejeitada pelo sindicato da categoria porque, segundo
seu vice-presidente, Adilson dos
Santos, o benefício não incide sobre o pagamento do 13º salário,
sobre o FGTS e sobre as férias.
"Só quem ganha com o abono
são as empresas, que ficam isentas
de arcar com os encargos trabalhistas gerados pelo aumento salarial", disse o diretor do sindicato
Renato Bento Luiz.
A campanha salarial de emergência foi lançada na semana passada pelos metalúrgicos de todo o
Estado. No dia 26 de março, uma
greve liderada pelos metalúrgicos
da Grande São Paulo terminou
com a conquista de reajuste de
10%, em quatro parcelas, para
cerca de 100 mil operários.
A direção da GM disse ontem à
Folha, por meio de sua assessoria
de imprensa, que não iria comentar a paralisação na unidade de
São José. Segundo a montadora,
as negociações ainda estão em andamento e são conduzidas pelo
Sinfavea (Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O Departamento de Negociações Trabalhistas do Sinfavea disse ontem que não iria comentar a
greve porque as negociações ainda estão em andamento.
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