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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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TRABALHO

Paralisação atinge unidade de São José dos Campos; funcionários querem reajuste de 10,93% e recusam abono de 40%

Metalúrgico da GM entra em greve no Vale

MARIA TERESA MORAES
DA FOLHA VALE

Cerca de 10,5 mil operários das fábricas da General Motors e da sua subsidiária, GM Powertrain, em São José dos Campos (91 km de São Paulo), entraram em greve ontem por tempo indeterminado por causa da recusa da montadora em oferecer reajuste salarial fora da data-base da categoria.
A principal reivindicação dos metalúrgicos é a concessão de reajuste extraordinário de 10,93%, relativo à inflação desde novembro, mês da data-base. Eles também pedem redução da jornada de trabalho e a implantação de um gatilho salarial sempre que a inflação chegar a 3%.
A greve ocorre uma semana após os operários da montadora terem feito uma greve de advertência de 24 horas, que paralisou totalmente a produção da unidade, que fabrica 764 veículos (dos modelos Corsa e S-10) por dia e cerca de 1.800 motores por hora.
Para tentar evitar a greve, a empresa apresentou uma contraproposta, na semana passada, de pagamento de abono de 36% sobre os salários dos operários que ganham até R$ 1.600 por mês.
De acordo com a proposta da montadora, o abono seria pago em quatro parcelas, cada uma delas correspondente a 9% do salário, nos meses de abril, maio, julho e agosto deste ano, o que beneficiaria, segundo o sindicato, aproximadamente 60% dos funcionários da unidade.
Ontem à noite, a GM elevou a proposta de abono para 40%, mas a oferta foi rejeitada pelo sindicato da categoria porque, segundo seu vice-presidente, Adilson dos Santos, o benefício não incide sobre o pagamento do 13º salário, sobre o FGTS e sobre as férias.
"Só quem ganha com o abono são as empresas, que ficam isentas de arcar com os encargos trabalhistas gerados pelo aumento salarial", disse o diretor do sindicato Renato Bento Luiz.
A campanha salarial de emergência foi lançada na semana passada pelos metalúrgicos de todo o Estado. No dia 26 de março, uma greve liderada pelos metalúrgicos da Grande São Paulo terminou com a conquista de reajuste de 10%, em quatro parcelas, para cerca de 100 mil operários.
A direção da GM disse ontem à Folha, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria comentar a paralisação na unidade de São José. Segundo a montadora, as negociações ainda estão em andamento e são conduzidas pelo Sinfavea (Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O Departamento de Negociações Trabalhistas do Sinfavea disse ontem que não iria comentar a greve porque as negociações ainda estão em andamento.


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