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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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VAREJO

Pesquisa revela queda de líderes em preferência

Lista de desejos "realista" rebaixa carro e prioriza fogão e geladeira

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No lugar do carro zero, aparecem os eletrodomésticos e os itens de cama, mesa e banho -bem mais acessíveis. Após meses sem alteração, a lista de desejos de consumo do paulistano sofreu mudanças drásticas e tornou-se mais "realista", segundo economistas e redes varejistas.
O cruzamento de dados de algumas pesquisas revela essa mudança. No início deste ano, levantamento do Provar/USP, entidade que estuda o varejo no Brasil, mostrava que mais de 17% dos consumidores desejavam comprar um automóvel nos meses posteriores. Em segundo lugar estavam os itens de informática e, em terceiro, os eletrônicos. O ranking sofreu raras mudanças desde 99, quando começou a ser feito.
Desta vez, no entanto, as expectativas de compra foram revistas.
O sonho do carro novo perdeu força e o produto ocupa hoje a terceira colocação no ranking de intenção de compra futura (no período que engloba este mês, maio e junho). Os eletrônicos aparecem na sexta posição.
Hoje, em primeiro lugar estão os eletrodomésticos (como o fogão) e itens para casa. São entrevistadas cerca de 400 pessoas em São Paulo.
Outra pesquisa, apresentada ontem pela Fecomercio-SP, mostra que o percentual de pessoas, em São Paulo, que não quer gastar com itens de valor alto subiu de 48,7% em março para 52% em abril. Os automóveis, preferência de mais de 10% em março, atraem 6% de consumidores agora.
"É como se o consumidor desistisse de um sonho e passasse a encarar a atual situação com mais realismo", diz Fábio Pina, economista da Fecomercio-SP.
A chegada do Dia das Mães, quando vendem-se itens de valor unitário menor, pode explicar, em parte, a mudança. Porém a renda em queda e o aumento nos preços de produtos, com a escalada do dólar, é um fator de destaque na hora de escolher a compra.
A recente valorização do real não reduziu preços ainda. E o automóvel, como boa parte de componentes cotada em dólar, ficou mais caro.
A mudança nos desejos de compra era, em parte, prevista. Pedidos menores forçaram a indústria a produzir 10,5% menos carros no primeiro trimestre. Fabrica-se menos porque a indústria não quer carregar estoque à toa.


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