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Investimento estrangeiro em ações é recorde
Aplicações de estrangeiros na Bolsa e em renda fixa somam US$ 9,75 bi no 1º tri; deficit do país com exterior é o maior desde 1947
Nível dos investimentos deve melhorar no segundo semestre, prevê o BC, que espera atrair US$ 45 bi para o setor produtivo neste ano
GABRIEL BALDOCCHI
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As aplicações de estrangeiros
na Bolsa de Valores e em renda
fixa bateram recorde no primeiro trimestre. Os estrangeiros aplicaram US$ 9,749 bilhões, o melhor desempenho
para o primeiro trimestre do
ano desde 1947, segundo dados
do Banco Central. No mesmo
período, os investimentos externos no setor produtivo subiram em relação a 2009, mas
ainda estão abaixo do período
pré-crise financeira.
O resultado mostra que os investidores internacionais aumentaram as apostas no capital
de curto prazo (que traz maior
risco para o país) durante os
três primeiros meses do ano.
Somente na Bolsa foram aplicados US$ 5,27 bilhões.
Nos primeiros 22 dias deste
mês, as compras de títulos e
ações em carteira, de US$ 2,26
bilhões, já superam os investimentos diretos no setor produtivo, que estão em US$ 2,1 bilhões. Os resultados próximos
dos níveis de 2009, quando a
crise repercutia com força na
economia brasileira, reforçam
as dúvidas do governo sobre as
expectativas de investimento
direto estrangeiro para 2010.
Os dados do BC mostram
ainda que o país teve deficit de
US$ 12,145 bilhões nas transações com o exterior (contas
correntes) no primeiro trimestre do ano. Foi pior desempenho para o período desde 1947.
Entre janeiro e março, os investimentos estrangeiros diretos no Brasil somaram US$
5,656 bilhões, alta de US$ 314
milhões na comparação com o
mesmo período do ano passado, mas 36% menores que os do
primeiro trimestre de 2008.
O Banco Central espera
atrair US$ 45 bilhões do exterior para o setor produtivo neste ano, mesmo nível de 2008.
No ano passado, o Brasil recebeu apenas US$ 25,9 bilhões.
"O nível dos investimentos
está bom, mas deve ser melhor
no segundo semestre, quando
alguns anúncios e planos de investimento se concretizarem",
afirmou o chefe do Departamento Econômico do Banco
Central, Altamir Lopes.
Para a economista Daniela
Magalhães Prates, do Centro de
Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp,
não será fácil alcançar a meta
prevista pelo BC. "Acho que é
um número difícil, mas não significa que não possa ser atingido." Segundo ela, a taxa de câmbio impede o crescimento
maior do apetite estrangeiro
para investir no país.
Com o câmbio apreciado, os
empresários deixam de investir
por temer rentabilidade menor
dos produtos nacionais na
competição com importados.
A cotação do real também
desfavorece os investimentos
no setor exportador, que enfrenta dificuldades para recuperar posições nos mercados
tradicionais.
A retomada vai depender, segundo ela, da avaliação do investidor estrangeiro de que o
crescimento do país compensará o desestímulo do câmbio.
"Mas, para que isso ocorra, é
fundamental evitar que a moeda se aprecie mais", acrescenta.
Para o estrategista-sênior do
banco WestLB, Roberto Padovani, apesar da maior preferência dos investidores pelos movimentos em carteira, o Brasil
não corre o risco de vivenciar
uma bolha. "A valorização das
ações está em linha com a relação preço/lucro das companhias. Não há descolamento."
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