São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2001

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A LUZ DO APAGÃO

Até profissional liberal procura aparelho, e equipamento de segunda mão é disputado

Geradores somem e multiplicam os lucros das locadoras

JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Da varanda de casa, o empresário Oliveiros Zeituni Jr. usa a represa Billings (zona sul de SP) como termômetro da crise energética. "Isso vai durar muito tempo. Nem consigo mais ver a água, como no passado."
Para Zeituni, dono da locadora de geradores portáteis Presto Center, a bonança veio antes da tempestade. Há 30 anos no mercado de geradores, ele nunca viu os negócios explodirem como neste mês. "Não deu para ficar rico porque ninguém previa isso, ninguém teve essa luz." Zeituni diz que, se soubesse, teria comprado mais geradores para equipar sua pequena empresa.
A maioria dos empresários do setor viu seu faturamento mais que dobrar desde que surgiu a ameaça dos apagões. Empresas que alugavam metade dos geradores mantidos no galpão não têm hoje mais nenhum disponível pelos próximos seis meses, tempo mínimo de contrato.
O segmento acostumado à calmaria de poucas encomendas semanais e de clientes de perfil definido passou a receber pedidos de orçamento até de profissionais liberais em pânico.
"Recebíamos dois, três telefonemas por dia. E agora atendemos a mais de 90 telefonemas", conta Joel Freitas, gerente-geral da Prosangás, que vende geradores no Rio de Janeiro.
A procura foi tanta que começou a faltar produto -que, em geral, vem de fora. Com isso, o prazo para a entrega dobrou. Empresas em busca de geradores passaram até a disputar aparelhos de segunda mão que precisavam de reparos, conta Edson Bouer, diretor da holding Eccelera, responsável pela área de negócios da MaisAtivo, que intermedeia a compra de equipamentos usados.
Empresas de maior porte também estão com estoques esgotados. Wilson Poit, da locadora Poit, diz que não tem mais equipamentos para alugar. Os 160 geradores de sua empresa foram alugados, quase a metade nas últimas semanas.



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