São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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LINHA DIRETA

Créditos do pré-pago são utilizados em mensagens curtas, para não estourar o orçamento

Celular só é usado para receber chamadas

DA SUCURSAL DO RIO

A telefonista Patrícia de Oliveira Vieira, 33, deixa as três filhas -Bárbara, 11, Beatriz, 10, e Bruna, 8- sozinhas em casa durante pelo menos nove horas por dia, em Vista Alegre, na zona norte do Rio, enquanto trabalha no centro da cidade.
Seu único meio de comunicação com as filhas, enquanto está fora, é o celular pré-pago, presente da avó das meninas no último Natal. O aparelho só é usado para chamadas a cobrar e para receber ligações. Até hoje, só usou os créditos iniciais oferecidos pela operadora, na promoção do final do ano.
Os celulares pré-pagos, zombeteiramente chamados de ""pais-de-santo" no Rio de Janeiro, por só receberem chamadas, são cada vez mais vistos nas cinturas de operários, ambulantes, donas-de-casas e adolescentes.
Famílias em dificuldade financeira estão substituindo o telefone fixo convencional pelo celular pré-pago, como solução de emergência. Os créditos do cartão são consumidos apenas em mensagens curtas, telegráficas, para não estourar o orçamento no final do mês.
Tem sido assim com a coordenadora de ensino Maria das Graças Gonçalves Santos, 53, nove filhos, de Jeremoabo, no sertão baiano, a 400 km de Salvador.
Ele pediu o cancelamento da linha fixa por não poder mais arcar com a conta mensal de R$ 120,00, turbinada pelas ligações de seus filhos para os telefones celulares dos amigos. Para o celular pré-pago, adquirido no início do mês, ela se impôs o teto de gastos de R$ 15,00 por mês.
O presidente da TIM Brasil, Mario Cesar Araujo, diz que os pré-pagos se popularizaram não apenas entre os consumidores de baixa renda, mas também entre as famílias de classe média, que cancelaram parte das linhas fixas para dar um aparelho celular para cada filho. Eles também usam o celular majoritariamente para receber ligações e para chamadas a cobrar.
Em muitos casos, o assinante migrou para o celular pré-pago por não conseguir manter o telefone fixo, mesmo quando ele era fundamental à sobrevivência econômica da família. (EL)


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