|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mantega fecha equipe com crítico do BC
Ministro diz que novo secretário, ele próprio e o Banco Central estão em "harmonia" e que "remam na mesma direção"
Júlio Gomes de Almeida,
ex-diretor do Iedi, assume
área de Política Econômica;
para ministro, é "ótimo"
que empresariado aprove
JULIANNA SOFIA
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, concluiu ontem a
formação de sua equipe no ministério e nomeou Júlio Sérgio
Gomes de Almeida, ex-diretor
do Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial), para a Secretaria de
Política Econômica, como antecipou ontem a coluna Mercado Aberto, desta Folha.
Com a escolha, o ministro
quis dar uma clara sinalização
ao empresariado de que sua
pasta estará mais alinhada com
as demandas do setor produtivo, segundo a Folha apurou.
Para a PGFN (Procuradoria
Geral da Fazenda Nacional), foi
nomeado o procurador e ex-secretário-executivo-adjunto do
Ministério do Planejamento,
Luiz Inácio Adams, e para a Secretaria de Acompanhamento
Econômico foi confirmado o
nome de Marcelo Barbosa
Saintive, que vinha ocupando o
cargo interinamente.
"Eu não quero agradar um
segmento ou outro. Mas, se isso [nomeação de Gomes de Almeida] agrada o empresariado
ou não, se há coincidência, ótimo. Júlio Sérgio tem o perfil
adequado e a experiência necessária", declarou o ministro
ao anunciar os novos nomes.
A Fazenda nega que a nomeação tenha sido indicação
dos empresários.
A escalação do economista
foi mais um passo do ministro
para se aproximar do setor produtivo em um ano eleitoral em
que o apoio do empresariado
pode contribuir para reeleição
de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na sexta-feira, em almoço na
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
Mantega chegou a ser questionado sobre de qual lado estaria
na condução da política econômica. Segundo relatos de participantes do encontro, o ministro teria afirmado: "Estou do
lado da produção".
Desde que assumiu o ministério, Mantega vinha mantendo conversas regulares com o
economista do Iedi. Apesar de
nunca terem trabalhado juntos, Gomes de Almeida foi recomendado por pessoas próximas de Mantega, como o economista Luiz Gonzaga Belluzo.
Gomes de Almeida foi da
equipe de Belluzo na gestão de
Dílson Funaro no Ministério
da Fazenda, na década de 80.
Na ocasião, o economista foi
secretário especial adjunto de
Assuntos Econômicos.
O ex-diretor é conhecido pelos duros ataques ao Banco
Central nos quais critica a política de juros altos e classifica de
pouco eficazes as intervenções
no câmbio. Ontem, Mantega
tentou apaziguar a situação e
disse ser natural que economistas, quando estão fora do
governo, tenham mais liberdade para falar. "Eu, ele e o Banco
Central queremos que os juros
caiam. Remamos todos na
mesma direção. (...) Estamos
todos harmonizados."
Mantega afirmou que a missão de Gomes de Almeida será
pensar o futuro do país, olhando para o médio e longo prazos.
De imediato, o novo secretário
participará das discussões sobre o pacote agrícola a ser
anunciado nesta semana e sobre as mudanças no câmbio.
Texto Anterior: Luís Nassif: A tijolada global Próximo Texto: Bastidores: Governo vê indicação com desconfiança Índice
|