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TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Morales pede a Amorim pressa nos acertos sobre gás
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
Em uma viagem planejada
mais para normalizar as relações diplomáticas do que para solucionar impasses em
torno do gás, o chanceler
Celso Amorim ouviu ontem
do presidente boliviano, Evo
Morales, um pedido para agilizar as negociações em torno dos termos da nacionalização e do preço do produto
exportado ao Brasil.
Após o encontro com Morales, Amorim voltou a dizer
que não entrará nas negociações sobre o gás, mas disse
que concorda em que o tema
tenha um "enquadramento
político".
"Não sou técnico, não tenho as matrizes de custo-benefício", disse Amorim, ao
ser questionado sobre o preço do gás, em entrevista coletiva no Palácio Quemado.
Havia a expectativa da presença de Morales, mas compareceu apenas o colega boliviano, David Choquehuanca.
O governo brasileiro tem
deixado claro que a negociação sobre o gás cabe à Petrobras, mas a Bolívia tem afirmado que prefere uma negociação entre Estados -portanto, mais política do que
empresarial.
De concreto e fora do tema
do gás, Brasil e Bolívia criaram dois grupos de trabalho
para acompanhar os temas
migratório e agrário, tendo
em vista a reforma fundiária
anunciada pelo governo boliviano, que deve afetar brasileiros na fronteira amazônica e, em menor escala, os sojicultores brasileiros radicados em Santa Cruz.
A preocupação maior do
Itamaraty é com os brasileiros na faixa de fronteira, onde, de acordo com a Constituição, os estrangeiros estão
proibidos de ter propriedades. O chanceler Choquehuanca disse que os brasileiros e os bolivianos que ocupam terras de forma ilegal
serão retirados, mas evitou
falar em expulsão do país.
O governo boliviano disse
ontem que o país tem menos
gás do que o que se pensava e
acusou a empresa norte-americana De Golyer & MacNaughton, contratada para
fazer o levantamento, de ter
"superestimado" as reservas
por meio de "dados falsos". O
contrato teria sido rescindido há duas semanas.
"O importante é que nos
deram dados falsos", disse o
presidente da YPFB (estatal
boliviana), Jorge Alvarado,
em entrevista coletiva. Ele
disse que não sabe em quanto os dados estão supervalorizados. A Bolívia é considerada a segunda maior reserva
de gás da América do Sul,
atrás apenas da Venezuela.
No último informe da De
Golyer & MacNaughton, de
maio de 2005, a Bolívia teria
reservas globais de 48,7 bilhões de pés cúbicos, dos
quais 26,7 bilhões eram provadas, e o restante, prováveis.
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