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Agricultura familiar perde, diz professor
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
O uso do óleo de soja em uma
nova forma de produzir diesel,
anunciada na semana passada
pelo governo federal, marca a
opção dessa administração pelo agronegócio, em prejuízo da
agricultura familiar.
A conclusão é de professores
da UnB (Universidade de Brasília) que pesquisaram o potencial energético da soja e outras
oleaginosas, em estudo a ser
apresentado no 3º Encontro da
Anppas (Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa
em Ambiente e Sociedade), que
começa hoje em Brasília.
Para os pesquisadores, embora seja economicamente viável usar soja na produção do
novo diesel, a escolha irá reproduzir "velhos problemas" da
monocultura da oleaginosa, como exclusão social e danos ao
ambiente.
O novo diesel anunciado pelo
governo, batizado de H-Bio, é
resultado de uma tecnologia
inédita desenvolvida pela Petrobras. O produto passa por
um processo de refino que mistura óleo vegetal (10% a 18%)
para a geração do diesel. Não é
igual ao biodiesel tradicional,
obtido por outro processo.
Os professores sugerem que
a produção de H-Bio com óleo
de soja pode ser "estrategicamente insustentável". Isso porque não gerará empregos no
campo como no caso de outras
oleaginosas e pela concentração do setor de esmagamento
dos grãos nas mãos de grupos
internacionais.
Apesar de a Petrobras ter informado que o óleo vegetal do
H-bio pode ser de soja, girassol,
mamona, palma ou algodão, o
ministro Roberto Rodrigues
(Agricultura) afirmou que a soja deve ser usada primeiro.
Ele estimou o uso, em 2007,
de 1,2 milhão de toneladas do
grão na produção do H-Bio.
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) disse que o novo
diesel expressará "o casamento
entre o agronegócio e a indústria do petróleo".
"Não adianta resolver o problema energético com exclusão
social e impactos ambientais",
disse a socióloga Laura Duarte,
uma das autoras do estudo. Para ela, o governo deveria aproveitar culturas de oleaginosas
tradicionais, como a mamona,
para o H-Bio.
A Petrobras, por meio de sua
assessoria de imprensa, informou que a soja será usada inicialmente por ser a oleaginosa
com maior oferta. Segundo a
empresa, serão feitos testes para processamento do novo diesel com outros óleos.
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