São Paulo, sábado, 23 de maio de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Alta do real afeta exportação de manufaturados, diz AEB

O governo tem mesmo razões de sobra para se mostrar preocupado com a valorização do real. O grande motivo de preocupação, como o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem, é o reflexo dessa valorização do câmbio sobre as exportações.
Segundo José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a grande prejudicada com essa alta do real é a exportação de manufaturados, que já vinham em queda por conta da crise econômica internacional.
A China será o maior beneficiário dessa valorização do câmbio com o aumento das exportações, principalmente para os países da América do Sul.
"Cada vez que o Brasil deixa de exportar manufaturados, a China agradece", diz Castro.
A queda das exportações brasileiras de manufaturados neste ano impressiona. Em abril, pela primeira vez, desde 1978, a exportação mensal de produtos básicos (commodities) superou a de manufaturados. Os básicos responderam por 45,4% do total exportado no mês e os manufaturados por 40,9%.
Em abril do ano passado, a exportação de manufaturados correspondia a 51,8% do total no mês, e a de básicos, a 32,8%. De janeiro a abril, a exportação acumulada de produtos básicos saltou de 30,4% para 39,6% do total, e a de manufaturados caiu de 52,8% para 45%.
José Augusto de Castro afirma que o grande problema é que o setor de manufaturados gera muito mais empregos do que o de produtos básicos, o que potencializa a preocupação do governo com a valorização do câmbio.
"No fundo, estamos exportando emprego", diz Castro.
De acordo com o vice-presidente da AEB, a valorização do real prejudica muito a rentabilidade e a competitividade das empresas exportadoras de manufaturados pode comprometer as previsões otimistas que iam se formando para o superávit comercial neste ano, depois da recuperação do preço das commodities.
Segundo José Augusto de Castro, se essa tendência no câmbio não se reverter, dificilmente o superávit vai atingir a marca de US$ 30 bilhões como se chegou a prever. Até porque as importações devem começar a aumentar. Por isso, ele afirma que o governo deveria começar a agir.
A principal medida, na opinião do vice-presidente da AEB, é a redução dos juros para conter a entrada de dinheiro de fora. Ele também acha que o governo deveria começar a pensar em uma quarentena para o investimento externo.

ARTICULADA
A AECI (Associação das Empresas de Comércio Internacional) está se articulando para encaminhar uma proposta de mudança na legislação que regula o setor ao governo paulista. A próxima reunião sobre o tema será na terça-feira, no escritório Bastos-Tigre.

REFORÇO
Christiano Chagas, Eduardo Telles e Felipe Kim são os novos sócios do escritório Tauil & Chequer Advogados, associado à empresa internacional de advocacia Thompson & Knight.

ORGÂNICO
O mercado mundial de orgânicos movimenta cerca de US$ 24 bilhões, com crescimento anual de até 20% nos países desenvolvidos. O Rio de Janeiro é o segundo maior mercado consumidor de orgânicos do Brasil. Os dados serão abordados pelo Projeto OrganicsNet, da Sociedade Nacional de Agricultura, no Rio Orgânico, dia 30.

BOLO
A indústria de cosméticos Vita Derm vai investir R$ 7 milhões em campanhas de marketing em 2009, quando completa 25 anos.

PERFUME
Fabiane De Biaggio Rouillé acaba de assumir a marca de produtos de luxo Kenzo no Brasil e diz que tem um plano de crescimento agressivo no país. "Vamos reavaliar nosso posicionamento de distribuição, vamos pulverizar. Há lugares inexplorados no Brasil como Nordeste, Centro-Oeste e alguns pontos no Sul." Segundo Rouillé, os mercados de Brasília e Belo Horizonte estão no foco. A executiva afirma que no mercado de luxo a crise afetou o varejo, mas não foi suficiente para alterar profundamente o consumo. "Alguns varejistas fizeram adequação de estoque e revisão nos planos de investimento, mas o consumidor continuou procurando os produtos de luxo."

AVANTE
Mesmo com a crise, o crédito continua em expansão na Caixa Econômica Federal. Em abril, o crédito para pessoa física cresceu 42% em relação ao mesmo mês do ano passado, alcançando R$ 16,9 bilhões. Para pessoa jurídica, a expansão foi de quase 98,9% e, para habitação, de 46,7%.

AQUECIMENTO
Mais de 60% das empresas acharam que o FMI superestimou a gravidade da crise, segundo pesquisa feita pelo BCG (Boston Consulting Group) em março com 439 empresas com vendas de mais de US$ 1 bilhão em sete das principais economias do mundo.

NO TOPO
Segundo a BCG, as empresas líderes de mercado têm registrado aumento de receita e rentabilidade. As que não fazem parte dos três primeiros lugares foram fortemente afetadas.

DESEMBARQUE
Sébastien Méric, vice-presidente mundial de Casa e Cuidado Pessoal da Rhodia, chega em São Paulo na terça-feira para participar da FCE Cosmetique.

SIMULADO
A nova versão do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) impulsionou a demanda por simulados. Gabriel Mário Rodrigues, reitor da universidade Anhembi Morumbi, que tinha expectativa de receber 16 mil inscrições para o simulado que vai realizar hoje e amanhã, registrou mais de 30 mil cadastrados. No ano passado só 8 mil estudantes participaram.

DESFECHO
A exclusão do Concórdia Banco das negociações que Levaram à constituição da BRF já provoca a saída de Boa parte dos profissionais De primeira linha contratados, Principalmente no último ano, para fazer da instituição um grande negócio do grupo Sadia. Na Marginal Pinheiros, sede do banco, em São Paulo, já se fala que o último a sair Será o responsável por apagar a luz.

JAZIDA
O geólogo baiano João Carlos Cavalcanti vai viajar para Inglaterra, Índia e África do Sula manhã para negociar o distrito ferrífero( conjunto de jazidas) recentemente descoberto no sul do Piauí. Até o momento, já está confirmada a existência de 800 milhões de toneladas do Produto no local. A estimativa para toda a área, no entanto, ultrapassa 5 bilhões de toneladas.

NAWEB
A Claro ampliou em 32% o uso do e-learning no treinamento dos seus funcionários nos últimos quatro meses. No período, a empresa criou 58 cursos via web na área de negócios. Com a ferramenta, a Claro reduz em até 46% os gastos com treinamento.


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