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PACOTE DE CRÉDITO
Empréstimo até R$ 250 terá taxa de 2,5% ao mês; recursos virão do FAT e da redução do compulsório
CEF corta pela metade juro para baixa renda
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A CEF (Caixa Econômica Federal) irá anunciar na quarta-feira a
abertura de novas linhas de crédito a juros mais baixos para os
clientes de baixa renda.
Serão beneficiados aqueles que
têm conta com movimentação de
até R$ 3.000 por mês e os com depósitos na caderneta de poupança
de até R$ 100. A CEF calcula que
pelo menos 2,3 milhões de clientes deverão ter acesso a essas novas linhas de crédito.
De acordo com o que a Folha
apurou, a criação das novas linhas
da Caixa deverá gerar um movimento de cerca de R$ 450 milhões
na economia neste ano.
A medida faz parte do pacote a
ser anunciado pelo governo, na
próxima quarta-feira, com o objetivo de expandir o crédito e reduzir os juros para consumidores de
baixa renda e microempresários.
Os empréstimos da CEF para
cada cliente ficarão entre R$ 200 e
R$ 250, e os juros dessa operação
deverão ser de cerca de 2,5% ao
mês -hoje, as taxas cobradas pela Caixa giram em torno de 4,5% a
5% ao mês. Ou seja, os juros deverão cair pela metade para os clientes de baixa renda.
A origem dos recursos a serem
utilizados na operação ainda não
foi totalmente definida pelo governo. A previsão é que uma parte
-cerca de R$ 1 bilhão- venha
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), por meio do FAT (Fundo
de Amparo ao Trabalhador). Outra poderá vir do afrouxamento
do recolhimento do depósito
compulsório dos bancos.
O presidente da CEF, Jorge Mattoso, diz que a Caixa já está se preparando, há algum tempo, para
participar da "fase dois" da economia, com ênfase no crescimento. "A Caixa já tem feito um esforço grande no sentido de viabilizar
o crédito ao público de baixa renda", diz Mattoso.
Contas simplificadas
A primeira etapa da expansão
do crédito pela CEF consistiu no
lançamento de contas simplificadas, sem comprovação de renda e
sem direito a talão de cheque -a
"Conta Caixa Aqui". A movimentação se dá por meio de cartões
eletrônicos. O limite de operação
dessas contas é de R$ 3.000.
Desde seu lançamento, há mais
de três semanas, têm sido abertas
10 mil contas diárias. Só até a semana passada já tinham sido registradas 160 mil novas contas.
Para ter acesso ao crédito pré-aprovado a ser lançado pela Caixa, o cliente terá que ter uma movimentação nas contas simplificadas de, no mínimo, três meses.
Correspondentes bancários
Outra medida da Caixa para beneficiar clientes de baixa renda será o aumento do número de correspondentes bancários.
São padarias, supermercados e
farmácias que dispõem de máquina da Caixa com capacidade de
fazer movimentações em conta
corrente. A previsão da instituição é dobrar o número atual de
correspondentes bancários, de
2.000 para 4.000.
Os bancos oficiais, como a Caixa Econômica Federal, só irão
participar desse programa de estímulo ao crédito aos clientes de
baixa renda porque irão contar
com recursos (os chamados "fundings") a juros mais baixos do
que aqueles captados por eles em
suas operações tradicionais.
Além de linhas de crédito para
clientes de baixa renda, o pacote
do governo também incluirá estímulos ao microcrédito -crédito
também voltado a clientes de baixa renda, mas destinado à abertura de pequenos negócios.
Pressão de Lula
A Caixa deverá ainda fechar
parcerias com ONGs (organizações não-governamentais), bancos do povo, Ocips (Organizações
da Sociedade Civil de Interesse
Público) e cooperativas para o repasse de linhas de microcrédito a
micro e pequenas empresas. O repasse de recursos se dará por
meio de operações via internet.
Há duas semanas, em encontro
com empresários, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva defendeu
a idéia de os bancos oficiais expandirem suas linhas de crédito a
juros mais baixos, com o objetivo
de competir com os bancos privados e forçar uma queda mais rápida dos juros no sistema privado.
A idéia de Lula esbarrou em resistências até dentro do próprio
governo, principalmente no Banco do Brasil, que conta com acionistas minoritários. As ações do
Banco do Brasil chegaram a cair
quando os primeiros detalhes da
idéia foram divulgados.
Com as novas linhas da CEF, o
governo chega a uma fórmula que
agrada a todos. Operações a juros
mais baixos serão financiadas por
recursos mais baratos, como os
do FAT, o que preserva a solidez
dos bancos oficiais.
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