São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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Carga tributária do setor privado está no limite, dizem empresários

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A projeção de aumento da carga tributária no país, feita pelo IBPT, causou mal-estar entre os representantes do setor produtivo.
O empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, diz que a participação dos tributos sobre o total das riquezas produzidas já atingiu o limite do suportável pelo setor privado. "Quanto mais o governo aumenta a carga tributária, maior será o crescimento da economia informal."
Para Ermírio de Moraes, a participação dos tributos sobre o PIB, que pode atingir 38%, representa uma concentração exagerada de recursos nas mãos do governo. "E se o governo não tiver bom senso para gastar esse dinheiro corretamente?", pergunta.
De acordo com o empresário, essa elevada concentração de recursos nas mãos do governo inibe o crescimento da iniciativa privada. "O governo não deixa ninguém crescer com essa carga tributária", diz Ermírio de Moraes.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) também engrossa o coro dos descontentes
"Essa alta representa a manutenção de um ciclo perverso. A poupança da sociedade é extraída e repassada para o setor público, que, na maioria das vezes, gasta mal o que arrecada", disse Armando Monteiro Neto, presidente da CNI.
O presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Carlos Delben Leite, também faz críticas. "[Essa carga] é um ônus que encarece os produtos brasileiros e atravanca o crescimento."
Segundo a Abimaq, os tributos representam 30% do preço final das máquinas produzidas pelos associados da entidade.
A construção civil também se ressente. De acordo com Eduardo Zaidan, vice-presidente do Sinduscon (sindicato da construção civil de São Paulo), os tributos equivalem a 27,6% do valor agregado da construção civil no Brasil. "Para diminuir esse peso, só há duas coisas a fazer: ter crescimento econômico e melhorar a eficácia do gasto público."
Ante as projeções de alta da carga tributária, a Abiplast (associação da indústria de plásticos) diz que teme pelo crescimento do setor. "Se tudo correr bem, poderemos até crescer 7% em 2004, mas estamos vindo de uma queda de 3,7% em 2003", diz Merheg Cachum, presidente da entidade.


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