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Carga tributária do setor privado
está no limite, dizem empresários
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A projeção de aumento da carga
tributária no país, feita pelo IBPT,
causou mal-estar entre os representantes do setor produtivo.
O empresário Antônio Ermírio
de Moraes, presidente do grupo
Votorantim, diz que a participação dos tributos sobre o total das
riquezas produzidas já atingiu o
limite do suportável pelo setor
privado. "Quanto mais o governo
aumenta a carga tributária, maior
será o crescimento da economia
informal."
Para Ermírio de Moraes, a participação dos tributos sobre o PIB,
que pode atingir 38%, representa
uma concentração exagerada de
recursos nas mãos do governo. "E
se o governo não tiver bom senso
para gastar esse dinheiro corretamente?", pergunta.
De acordo com o empresário,
essa elevada concentração de recursos nas mãos do governo inibe
o crescimento da iniciativa privada. "O governo não deixa ninguém crescer com essa carga tributária", diz Ermírio de Moraes.
A CNI (Confederação Nacional
da Indústria) também engrossa o
coro dos descontentes
"Essa alta representa a manutenção de um ciclo perverso. A
poupança da sociedade é extraída
e repassada para o setor público,
que, na maioria das vezes, gasta
mal o que arrecada", disse Armando Monteiro Neto, presidente da CNI.
O presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos), Luiz
Carlos Delben Leite, também faz
críticas. "[Essa carga] é um ônus
que encarece os produtos brasileiros e atravanca o crescimento."
Segundo a Abimaq, os tributos
representam 30% do preço final
das máquinas produzidas pelos
associados da entidade.
A construção civil também se
ressente. De acordo com Eduardo
Zaidan, vice-presidente do Sinduscon (sindicato da construção
civil de São Paulo), os tributos
equivalem a 27,6% do valor agregado da construção civil no Brasil.
"Para diminuir esse peso, só há
duas coisas a fazer: ter crescimento econômico e melhorar a eficácia do gasto público."
Ante as projeções de alta da carga tributária, a Abiplast (associação da indústria de plásticos) diz
que teme pelo crescimento do setor. "Se tudo correr bem, poderemos até crescer 7% em 2004, mas
estamos vindo de uma queda de
3,7% em 2003", diz Merheg Cachum, presidente da entidade.
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