São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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CRÉDITO

Taxa cobrada pelos bancos nos empréstimos a pessoas físicas atingiu, no mês passado, o menor patamar em dez anos

Juros bancários são os mais baixos desde 94

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos concedidos a pessoas físicas atingiram o nível mais baixo em dez anos, segundo o Banco Central. No mês passado, a taxa média ficou em 62,4% ao ano, a menor desde que o BC começou a fazer esse tipo de levantamento, em julho de 1994.
"É claro que a taxa ainda é elevada. Mas estamos no caminho da redução", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Em abril, os juros médios dos empréstimos a pessoas físicas estavam em 63,3% ao ano.
Desde abril, a taxa básica de juros (Selic) está fixada em 16% ao ano pelo Banco Central.
Lopes afirma que uma das principais explicações para a queda dos juros bancários é o aumento na procura pelo chamado empréstimo em consignação, em que os pagamentos da dívida são descontados diretamente na folha de pagamento. Nessa modalidade de crédito, segundo o BC, os juros são de 39% ao ano, devido ao menor risco de inadimplência.
Entre os principais tipos de financiamento, o cheque especial foi um dos únicos a registrar uma ligeira elevação, passando de 140,2% ao ano para 140,5%. Foi o primeiro aumento ocorrido desde abril do ano passado.
Lopes afirma que esse movimento foi "pontual" e não deve ser entendido como uma tendência de alta das taxas.
No caso dos financiamentos obtidos por empresas, os juros permaneceram estáveis: entre abril e maio, a taxa média passou de 29,9% ao ano para 30,0%.
De acordo com Lopes, esse movimento é reflexo da alta de 6,26% registrada pelo dólar no mês passado, pois muitos empréstimos contraídos por pessoas jurídicas são corrigidos pelo câmbio.
Excluídos os financiamentos atrelados à cotação da moeda dos Estados Unidos, as principais modalidades de crédito oferecidas a empresas também registraram queda nos juros. No financiamento ao capital de giro, por exemplo, a taxa recuou, entre abril e maio, de 36,4% ao ano para 35,3%. No desconto de duplicatas, a taxa caiu de 41,8% ao ano para 40,8%.

Expansão do crédito
O total de empréstimos oferecidos pelos bancos em maio cresceu 3,6% em relação a abril, segundo o BC. O volume de crédito disponível no país chegou a R$ 248,8 bilhões no mês passado.
O valor não inclui os chamados empréstimos direcionados, que os bancos são obrigados pelo governo a conceder -como no setor agrícola e habitacional, além daqueles oferecidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Esse crescimento se explica, em parte, pela alta do dólar ocorrida no período, que acaba por aumentar o estoque, em reais, dos financiamentos corrigidos pela taxa de câmbio.
Além disso, observou-se um aumento de 2,7% na concessão de novos empréstimos em maio, o que colaborou para o resultado.
Se considerados todos os tipos de empréstimos fornecidos pelos bancos -incluídos os direcionados-, o volume de crédito disponível na economia chega a R$ 436,1 bilhões.
O valor equivale a 26,2% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas pelo país). Em países como o Chile, essa proporção está acima de 60%.
Medidas como a permissão para que os bancos concedam empréstimos em consignação fazem parte de um esforço do governo para tentar estimular a expansão do crédito, o que favoreceria o crescimento da economia.


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