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CRÉDITO
Taxa cobrada pelos bancos nos empréstimos a pessoas físicas atingiu, no mês passado, o menor patamar em dez anos
Juros bancários são os mais baixos desde 94
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos
nos empréstimos concedidos a
pessoas físicas atingiram o nível
mais baixo em dez anos, segundo
o Banco Central. No mês passado,
a taxa média ficou em 62,4% ao
ano, a menor desde que o BC começou a fazer esse tipo de levantamento, em julho de 1994.
"É claro que a taxa ainda é elevada. Mas estamos no caminho da
redução", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Em abril, os juros médios dos empréstimos a pessoas
físicas estavam em 63,3% ao ano.
Desde abril, a taxa básica de juros (Selic) está fixada em 16% ao
ano pelo Banco Central.
Lopes afirma que uma das principais explicações para a queda
dos juros bancários é o aumento
na procura pelo chamado empréstimo em consignação, em
que os pagamentos da dívida são
descontados diretamente na folha
de pagamento. Nessa modalidade
de crédito, segundo o BC, os juros
são de 39% ao ano, devido ao menor risco de inadimplência.
Entre os principais tipos de financiamento, o cheque especial
foi um dos únicos a registrar uma
ligeira elevação, passando de
140,2% ao ano para 140,5%. Foi o
primeiro aumento ocorrido desde abril do ano passado.
Lopes afirma que esse movimento foi "pontual" e não deve
ser entendido como uma tendência de alta das taxas.
No caso dos financiamentos obtidos por empresas, os juros permaneceram estáveis: entre abril e
maio, a taxa média passou de
29,9% ao ano para 30,0%.
De acordo com Lopes, esse movimento é reflexo da alta de 6,26%
registrada pelo dólar no mês passado, pois muitos empréstimos
contraídos por pessoas jurídicas
são corrigidos pelo câmbio.
Excluídos os financiamentos
atrelados à cotação da moeda dos
Estados Unidos, as principais modalidades de crédito oferecidas a
empresas também registraram
queda nos juros. No financiamento ao capital de giro, por exemplo,
a taxa recuou, entre abril e maio,
de 36,4% ao ano para 35,3%. No
desconto de duplicatas, a taxa
caiu de 41,8% ao ano para 40,8%.
Expansão do crédito
O total de empréstimos oferecidos pelos bancos em maio cresceu
3,6% em relação a abril, segundo
o BC. O volume de crédito disponível no país chegou a R$ 248,8 bilhões no mês passado.
O valor não inclui os chamados
empréstimos direcionados, que
os bancos são obrigados pelo governo a conceder -como no setor agrícola e habitacional, além
daqueles oferecidos pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Esse crescimento se explica, em
parte, pela alta do dólar ocorrida
no período, que acaba por aumentar o estoque, em reais, dos financiamentos corrigidos pela taxa de câmbio.
Além disso, observou-se um aumento de 2,7% na concessão de
novos empréstimos em maio, o
que colaborou para o resultado.
Se considerados todos os tipos
de empréstimos fornecidos pelos
bancos -incluídos os direcionados-, o volume de crédito disponível na economia chega a R$
436,1 bilhões.
O valor equivale a 26,2% do PIB
(Produto Interno Bruto, a soma
das riquezas produzidas pelo
país). Em países como o Chile, essa proporção está acima de 60%.
Medidas como a permissão para que os bancos concedam empréstimos em consignação fazem
parte de um esforço do governo
para tentar estimular a expansão
do crédito, o que favoreceria o
crescimento da economia.
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