São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2008

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UBS Pactual troca comando e tenta manter desempenho

Rodrigo Xavier, da área de gestão de recursos, assumiu presidência do banco

No período de crise do UBS mundial, a unidade local viveu como uma "ilha de prosperidade", segundo avalia o novo presidente


DA REPORTAGEM LOCAL

Há dois anos, os suíços do UBS, o maior gestor de fortunas do mundo, se encantaram com o Brasil e com o banco Pactual, em particular. Por US$ 2,6 bilhões, levaram o banco de investimentos que está presente em nove de cada dez negócios importantes no país e passaram a dar as cartas no segundo maior mercado de abertura de capital do mundo.
O encanto foi tanto que os suíços levaram André Esteves, um dos principais sócios brasileiros, para assumir a área de renda fixa global do grupo.
Só que veio a crise das hipotecas nos EUA, que fez o UBS assumir perdas contábeis de US$ 38 bilhões, reportar prejuízos de US$ 25 bilhões, pedir socorro ao fundo soberano de Cingapura, e hoje tentar levantar US$ 15 bilhões no mercado.
Os opositores de Esteves afirmam que, em vez de centrar esforços para arrumar a casa (os títulos "subprime" são problema da área de renda fixa), o executivo teria visto na crise a oportunidade para se associar a outros investidores e comprar o UBS, que viu seu valor de mercado derreter. O banco nega a proposta, e Esteves jamais comentou o assunto.
Com a proposta rechaçada, a situação de Esteves teria ficado insustentável no banco e culminou em sua saída na semana passada. Com ele, saíram outros dois sócios e pelo menos 20 executivos.
No Brasil, assumiu a presidência do UBS Pactual o sócio Rodrigo Xavier, 39, que até então comandava a área de gestão de recursos do banco. A regional latino-americana, também acumulada por Esteves, ficou com Juerg Haller.
Para aqueles que acreditam que o UBS Pactual perdeu "massa crítica" com a saída desses profissionais, Xavier afirma que faz parte do DNA do banco "oxigenar" sua direção. "Tenho certeza de que se eu tiver de sair amanhã, tem uns dez ali atrás prontos para assumir."
Xavier lembra que, em 1998, saíram dois dos antigos sócios: André Jacurski e Paulo Guedes. Logo depois, saiu Luiz César Fernandes, outro fundador do Pactual.
À época, a segunda geração de sócios tinha por volta de 30 anos. "A história do Pactual foi essa. Três dos quatro sócios fundadores saíram em um período de menos de um ano. E nós todos, por volta de 30 anos. Existia uma dúvida: será que essa garotada vai dar conta? O resultado do banco desde então fala por si", disse.
O novo presidente afirma que, durante a crise do UBS mundial, a unidade brasileira viveu como uma "ilha de prosperidade", tanto que a política agressiva de bônus foi mantida. "Não é porque o UBS está passando por alguma dificuldade lá fora que isso tem de contaminar o Brasil. Existe de fato esse descolamento." (TS)


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