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Emprego formal reage, mas saldo na crise ainda é negativo
Apesar do crescimento na criação de vagas pelo 4º mês consecutivo,
total de postos de trabalho fechados desde novembro supera 500 mil
Todos os setores voltaram
a contratar no mês passado; indústria tem a reação mais lenta, com saldo positivo
de apenas 700 empregos
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A geração de empregos de
maio foi a maior desde o agravamento da crise financeira,
em setembro de 2008. No mês
passado, foram gerados 131,6
mil postos de trabalho com carteira assinada, no saldo de contratações e demissões.
Apesar de a criação de novos
empregos ter crescido pelo
quarto mês consecutivo, ainda
não foi suficiente para compensar as demissões feitas nos três
meses em que a crise afetou o
mercado de trabalho no Brasil.
De novembro do ano passado
a janeiro deste ano, foram fechados 797,5 mil empregos formais. De fevereiro a maio, foram criados 281,8 mil postos.
Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério
do Trabalho.
O economista Fábio Romão,
especializado em mercado de
trabalho, afirma que as demissões feitas no auge da crise só
serão zeradas em setembro, ou
seja, a geração de empregos será igual aos postos de trabalho
fechados. Os cálculos levam em
consideração as variações sazonais, como a alta do desemprego em dezembro.
O ministro Carlos Lupi (Trabalho) disse que em junho a
criação de vagas será ainda
maior que a de maio e deverá ficar próxima de 200 mil postos.
Ele acredita que a indústria de
transformação e a construção
civil puxarão as contratações
com carteira assinada.
Lupi cobrou dos colegas de
governo medidas que continuem incentivando a economia
e, consequentemente, o aumento do emprego. "Precisamos continuar com a redução
de juros, as medidas de estímulo ao crédito, as ações anticíclicas para estimular o consumo."
Lentidão na indústria
Todos os grandes setores da
economia tiveram alta do nível
de emprego em maio. Mas a indústria mostra ainda resistência em voltar a contratar. Os
números de maio mostram que
o nível de emprego ficou quase
estável no setor, com a geração
de apenas 700 postos com carteira assinada.
Algumas indústrias seguem
demitindo, em especial aquelas
ligadas às exportações e aos investimentos. O setor de metalurgia fechou 5.499 empregos
em junho e o de materiais elétricos demitiu 2.917 funcionários com carteira assinada.
Na indústria, o setor que teve
a maior recuperação no mês
passado foi o de alimentos e bebidas, com a geração de 13,3 mil
postos de trabalho com carteira
assinada. Esse foi o setor que
mais demitiu funcionários com
carteira assinada no fim do ano
passado.
O destaque entre as contratações foi a agricultura, que surpreendeu especialistas, com a
geração de 52,9 mil novos postos de trabalho. O setor de serviços aparece em segundo, com
44 mil novos empregos formais. Na construção civil, 17,4
mil funcionários conseguiram
empregos com carteira assinada, e, no comércio, 14,6 mil.
Segundo Romão, com exceção da indústria, os demais setores caminham para voltar ao
nível normal de contratações,
na média da última década.
Para a economista Marcela
Prada, da Tendências Consultoria, o resultado de maio ainda
não é um bom indicador para a
economia. "O saldo ainda é menor que no ano passado. A geração de empregos melhorou,
mas ainda é fraca", disse. Em
maio do ano passado, foram
criados 202,9 mil empregos
formais, 35% a mais que em
maio deste ano.
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