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Bolsa cai 3,7% e dólar fecha acima de R$ 2
Mercados têm dia negativo sob temor de retração global mais forte; com saída de estrangeiros, Bovespa acumula queda de 7% no mês
Banco Mundial piora sua
previsão de contração
da economia global, e
Bolsas recuam; dólar avança 2,58% e fecha a R$ 2,024
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo iniciou a semana em forte baixa, o que aprofundou suas
perdas acumuladas em junho.
Ontem, a queda ficou em
3,66%; no mês, a depreciação
está em 6,96%. Já o resultado
anual ainda é positivo (31,81%).
Essa mudança de rumo no
mercado acionário, que teve resultado positivo em março,
abril e maio, tem sido muito influenciada pela crescente saída
dos investidores estrangeiros
do pregão local. No mês, até o
dia 17, o balanço dos negócios
feitos com capital externo ficou
negativo em R$ 1,3 bilhão. Isso
significa que os estrangeiros
mais venderam que compraram ações brasileiras no período. Segundo operadores do
mercado, a saída de capital externo prosseguiu ontem.
O mercado de câmbio tem
sentido também esse movimento de fuga. Tanto que o dólar voltou a superar os R$ 2, o
que não ocorria desde 28 de
maio. Nas operações de ontem,
o dólar subiu para R$ 2,024,
após salto de 2,58%.
"Em dia sem eventos na
agenda, o relatório do Banco
Mundial ajudou a azedar o humor nos mercados", diz José
Francisco Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.
O Banco Mundial reviu para
baixo sua projeção para o desempenho da economia mundial neste ano, de uma contração de 1,7% para 2,9%.
"De maneira geral, as novas
projeções do Banco Mundial ficaram mais pessimistas do que
as do FMI." Essas perspectivas
menos animadoras para a economia "têm feito o mercado se
questionar sobre eventual exagero no movimento de alta recente", diz o economista.
As Bolsas tiveram quedas
fortes elevadas nas principais
praças financeiras. Em Wall
Street, o Dow Jones caiu 2,35%.
A Bolsa de Londres perdeu
2,57%; Frankfurt, 3,02%.
Com a revisão, que projeta
uma economia global ainda
mais fraca, as commodities sofreram desvalorizações expressivas ontem. Isso ocorreu porque uma retração mais pesada
da economia significa consumo
e produção mais débeis.
O petróleo, por exemplo, encerrou ontem em Nova York
cotado a US$ 66,93, com depreciação de 3,77%. O alumínio registrou queda de 5,25%.
Como boa parte das principais ações negociadas na Bolsa
brasileira depende da oscilação
dos preços das commodities, o
Ibovespa (que acompanha as
65 ações brasileiras mais negociadas) operou no vermelho
durante todo o pregão.
No setor de siderurgia e mineração, as quedas foram maiores que a do Ibovespa: a ação da
Siderúrgica Nacional caiu
5,64%; Vale PNA perdeu
4,83%; e Gerdau PN, 4,65%.
Sob influência do petróleo
menos valorizado, as ações da
Petrobras, que representaram
20% de toda a movimentação
de ontem, fecharam em queda
de 4,11% (ordinárias, com direito a voto) e 3,41% (preferenciais, as mais negociadas da
Bolsa doméstica).
Para baixo
Após as quedas dos últimos
pregões, o índice Ibovespa desceu para 49.494 pontos. A pontuação acompanha a oscilação
dos preços das ações -e encolhe quando os papéis das empresas sofrem depreciação.
Desde 15 de maio, a Bolsa não
ficava abaixo dos 50 mil pontos.
A perda de fôlego da Bolsa
neste mês ajudou a esfriar a
empolgação que começava a
ressurgir em torno do mercado
de ações. Todavia, mesmo com
a retomada dos 50 mil pontos,
no mês passado, grande parte
dos analistas mantinha sua
previsão de que a superação
dos 70 mil pontos dificilmente
ocorreria neste ano.
"O momento é de cautela. As
pressões são elevadas para um
movimento de realização [venda de ações para embolsar lucros] ou de calmaria, fazendo a
Bolsa andar de lado [sem grandes altas ou baixas] por algum
tempo. Para o fim do ano, prevemos a Bolsa em torno de 55
mil pontos", afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe
da Gradual Investimentos.
Em maio de 2008, antes de a
crise financeira internacional
se agravar e derrubar os mercados, a Bovespa atingiu sua máxima histórica, de 73.516 pontos. Esse foi o ponto máximo da
Bolsa, o que significa que nunca
suas ações valeram tanto quanto naquele momento.
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