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Queda do PIB global será mais profunda, prevê Bird
Organismo eleva de 1,7% para 2,9% estimativa de retração da economia mundial em 2009
Fatores como aumento do desemprego e necessidade de
mais ajuda a bancos tornam
recuperação "altamente
incerta", diz Banco Mundial
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
A recessão global deve ser
mais profunda neste ano do
que se imaginara anteriormente, afirmou ontem o Bird (Banco Mundial), menos de três meses depois da divulgação da estimativa anterior, período em
que já começou a se discutir se
o pior da crise já passou.
Para o organismo multilateral, o PIB global deve cair 2,9%
neste ano, ante a previsão de
queda de 1,7% feita em março.
E a recuperação no ano que
vem deve ser menor do que a
esperada: 2%, 0,3 ponto percentual menos do que estimou
anteriormente. A estimativa do
Banco Mundial é mais pessimista que a do FMI, que trabalha com queda de 1,3% neste
ano e avanço de 2,4% em 2010.
A previsão do Bird de maior
contração da economia global,
em um momento em que as
principais mundiais dão alguns
sinais de recuperação, ajudou a
derrubar os mercados mundiais ontem. Todas as principais Bolsas das Américas e da
Europa terminaram o dia com
forte queda (leia na página B3).
Segundo o estudo, a situação
continuou a se agravar tanto
nos países desenvolvidos como
nos pobres. No primeiro caso,
puxado especialmente pelo Japão e pela zona do euro (os 16
países europeus que usam a
mesma moeda), a previsão é
um recuo de 4,2% -a estimativa anterior era de -2,9%.
Já os países em desenvolvimento, excluindo China e Índia
(que permanecem como zonas
de crescimento acelerado, ainda que abaixo da média dos últimos anos), terão uma queda
no PIB de 1,6%, previu o Bird.
Em março, a estimativa era que
eles ficariam estagnados e, em
novembro do ano passado
(quando a concordata do banco
de investimento americano
Lehman Brothers já tinha congelado os mercados de crédito
do mundo todo, detonando o
agravamento da crise), o Banco
Mundial afirmava acreditar em
um crescimento de 2,9%.
A estimativa para a economia
brasileira seguiu a tendência
global e piorou: queda de 1,1%
(analistas ouvidos pelo BC preveem queda de 0,6%). Para o
Bird, o mercado interno ajudou
a proteger a economia brasileira de parte da queda nas exportações, mas ela será "cada vez
mais apertada" caso a demanda
externa continue a cair.
O Banco Mundial afirmou
ainda que há vários indicadores
de um começo de recuperação
da economia global e que espera que ela se expanda a partir do
segundo semestre deste ano,
mas que a retomada será "muito mais suave" do que o normal.
Segundo o organismo, o momento e a força da recuperação
da economia global permanecem "altamente incertos" devido a uma série de fatores: o desemprego continua a crescer,
os preços das casas permanecem caindo em vários países e
os balanços dos bancos ainda
estão frágeis, indicando que o
setor vai precisar de consolidação e novas recapitalizações.
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