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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Na véspera da reunião sobre Selic, vice-presidente diz que taxa é "despropósito" e reduz competitividade do país

Alencar volta a criticar juro "estratosférico"

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Na véspera da reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), que decidirá qual será a nova meta para a taxa Selic, o vice-presidente da República, José Alencar, disse que os juros no país são "estratosféricos", "um despropósito". Ele afirmou que os juros altos são um dos motivos da baixa competitividade do país no mercado internacional.
"Nenhum país pode competir de forma tão desigual como o nosso com esse elevado custo de capital. Os custos financeiros no Brasil são estratosféricos, um despropósito. As altas taxas de juros são impossíveis de serem remuneradas por qualquer atividade produtiva", disse Alencar, em discurso na abertura da 3º Conferência Internacional Têxtil e de Confecção, no Rio.
O vice-presidente é um dos maiores críticos do governo sobre a política monetária do Banco Central e já fez várias declarações públicas sobre as taxas de juros.
Segundo Alencar, além dos juros elevados, outros dois fatores prejudicam a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional: o sistema tributário nacional, que ele chamou de "cipoal burocrático", e as péssimas condições de conservação das estradas do país.
O presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Paulo Skaff, também criticou os juros altos. Ele disse que o mercado interno não vive "um momento satisfatório".
"Não há inflação à vista, mas temos dificuldades causadas por esses juros altos, que não estão aí há meses, mas há anos, ou melhor, há oito anos e seis meses", disse.
Alencar disse ainda ser favorável à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), mas não da forma como vem sendo defendida pelos Estados Unidos.
"Nós precisamos acordar e defender nossos laranjais. Não somos contra a Alca, mas é preciso que seja de fato uma área de livre comércio, e não um arremedo de liberdade comercial."
Para o vice-presidente, há países que praticam uma "falcatrua" comercial contra o Brasil, porque conseguem vender no mercado nacional produtos a preços "subfaturados". Ele citou como exemplo a China, que, segundo Alencar, determina o preço de seus produtos por decisão política.
"É preciso que nós estejamos atentos e nos lembremos de anular esse tipo de falcatrua. Eles estão fazendo corretamente em benefícios deles e já é tempo para que nós façamos algo em nosso benefício", disse.


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