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outro lado
Órgãos públicos querem alteração na lei e admitem dificuldade para coibir crime
DA REPORTAGEM LOCAL
O Conselho Nacional de
Combate à Pirataria e Delitos
contra a Propriedade Intelectual, a Receita Federal e as secretarias da Fazenda dos Estados defendem alterações na legislação -criminal, aduaneira e
fiscal- para intensificar o combate ao comércio ilegal.
Só o contrabando e a pirataria movimentam cerca de US$
56 bilhões por ano no país, segundo estimativa do secretário-executivo do Ministério da
Justiça e presidente do conselho, Luiz Paulo Barreto.
"Não é com um tiro de canhão que vai se resolver um
problema que foi encarado por
mais de 25 anos como um problema social. Acabou a era da
pirataria romântica, em que o
sacoleiro e o camelô sustentavam a família", disse Barreto.
"Esse é um fenômeno complexo, mundial, ligado à globalização da economia e comandado
por máfias internacionais."
De acordo com o secretário,
1.200 pessoas foram presas nas
operações de combate ao comércio ilegal no país no ano
passado e houve aumento de
85,7% (na comparação de 2005
com 2004) no total de apreensões feitas no país. "Isso mostra
que a repressão vem aumentando e que estamos nos empenhando para combater essas
organizações criminosas."
O conselho vai encaminhar
nas próximas semanas um projeto de lei que altera artigos do
Código de Processo Penal, permitindo a destruição mais ágil
de mercadorias apreendidas e
que seja feita por amostragem.
"Quando um caminhão de CDs
pirata é flagrado, é necessário
laudo da perícia para cada CD
apreendido. E o juiz não pode
autorizar a destruição dos produtos até que seja dada a condenação. Assim, os depósitos
estão abarrotados." Com a mudança, diz, haverá uma resposta "mais rápida" à ilegalidade.
Na opinião de Mauro de Brito, chefe da Divisão Nacional de
Repressão ao Contrabando,
Descaminho e Pirataria da Receita Federal, o órgão está se
estruturando para coibir cada
vez mais o comércio de produtos ilegais. "A Receita tem um
plano nacional de modernização aduaneira para ter mais
controle sobre o comércio exterior e vamos intensificar também a atuação em áreas não-alfandegadas, como nas estradas
que ligam o Paraguai ao Paraná
e ao Mato Grosso do Sul."
Para ele, há poucas pessoas
da Receita -entre 300 e 400
fiscais- atuando no combate
ao comércio de produtos ilegais. Nos controles de fronteiras, a Receita tem 2.000 profissionais. "É pouco para um país
com 17 mil quilômetros de
fronteiras. Elas estão vulneráveis, não há dúvidas, mas não
estamos parados. Neste ano, já
fizemos 1.200 ações de fiscalização no território nacional."
José Clóvis Cabrera, diretor-executivo da Deat (Diretoria
Executiva da Administração
Tributária) da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo,
disse que a força-tarefa entre
fiscais da Receita, da Fazenda
paulista e policiais federais vai
voltar a atuar. "Já estamos planejando as próximas operações, inclusive no interior."
A secretaria também prepara
portarias para regular a legislação que vai cassar a inscrição
estadual do comerciante que
vender mercadorias ilícitas.
Apesar de todos os esforços
para coibir o comércio de produtos ilegais, segundo Cabrera,
esse tema não pode ficar só em
discussão entre os órgãos públicos. "Para combater esses ilícitos, esse debate deve transcender a característica meramente repressora para abranger também aspectos sociais,
econômicos e culturais, sem o
que todas as energias empregadas continuará a ser entendidas como infrutíferas."
(CR e FF)
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