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Poupança deve captar mais com nova regra
Saldo de ingressos na aplicação é de R$ 8,77 bi no primeiro semestre; novo cálculo da TR deve melhorar o rendimento
Mudança será sentida com queda da Selic; bancos terão que oferecer vantagens em outras aplicações a fim de evitar migração de recursos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A poupança teve seu melhor
primeiro semestre do real.
Nunca se captou tanto dinheiro
como nos primeiros seis meses
de 2007. E as novas regras
anunciadas pelo Banco Central
para o cálculo do rendimento
da poupança tendem a intensificar esse fluxo de recursos.
Na primeira metade deste
ano, a captação de recursos da
poupança superou os resgates
em R$ 8,77 bilhões. Desde 1995,
o melhor primeiro semestre
havia sido o de 1997, quando R$
4,28 bilhões líquidos haviam
ido para a poupança.
Na outra ponta, quem tem
sofrido pesadas perdas de recursos são os fundos DI (que
pagam taxas de juros). Neste
ano, esses fundos, que sempre
foram referência de investimento, já tiveram resgates líquidos de R$ 12,64 bilhões, segundo dados da Anbid.
Com a queda da taxa básica
da economia, a Selic (hoje em
11,5% ao ano), que serve de parâmetro para os juros praticados no mercado, as aplicações
financeiras têm rendido cada
vez menos.
O que o BC anunciou na
quinta passada é que, quando
as taxas de juros recuarem
mais, a poupança será menos
punida, o que pode aumentar
ainda mais sua atratividade em
relação a outros investimentos.
Dessa forma, analistas alertam que os bancos terão de se
virar para tornar mais atraentes vários de seus produtos, sob
o risco de perderem aplicadores para a poupança. Uma dessas mudanças poderia ser feita
com a redução das taxas de administração -cobradas pelas
instituições financeiras quando se aplica em um fundo.
Essas taxas variam bastante,
mas oscilam principalmente
em uma faixa que vai de 1% a
4%. Diminuir o tamanho delas
poderia tornar mais atraente a
rentabilidade final.
A caderneta de poupança é
remunerada pela TR (Taxa Referencial) mais cerca de 6,1% ao
ano. É no cálculo dessa TR que
o BC anunciou novidades. A TR
representa uma parcela da
TBF. Por sua vez, a TBF é calculada a partir da taxa média
dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
Até então, o governo não havia criado regras específicas para quando a TBF caísse abaixo
de 11% -hoje a TBF está em
torno de 11,2%.
Segundo cálculos do matemático José Dutra Vieira Sobrinho, se não houvesse as regras
novas, quando a TBF fosse de
10%, a poupança daria um rendimento médio anual de 6,70%.
Com as novas regras, para uma
TBF de 10%, a poupança pagará
uma taxa média anual de 6,80%
-considerando um mês com 21
dias úteis. Um outro exemplo:
em um cenário de TBF a 9,25%,
a poupança renderia 6,21% antes das novas regras; agora, o
rendimento deve ser de 7,05%.
Mas profissionais do mercado prevêem que a TBF deverá
estar abaixo de 10,5% -nível
em que as novidades anunciadas pelo BC surtirão efeito-
provavelmente só no começo
de 2008. Assim, qualquer vantagem oferecida pelas novas regras do BC para a poupança levará meses para ser sentida.
"De qualquer forma, o rendimento da poupança vai cair,
porque os juros estão em queda. As regras do BC apenas evitarão que a rentabilidade da
poupança caia mais pesadamente", diz Vieira Sobrinho.
Em março, atento à saída de
recursos de fundos e à maior
procura pela poupança, o BC
criou uma fórmula de cálculo
que acabava por diminuir o retorno obtido pela TR -encolhendo assim o rendimento final da caderneta de poupança.
Mas a continuidade das quedas de juros acabaria por fazer
com que a TR ficasse negativa.
Com isso, a poupança poderia
no ano que vem atingir seu piso, ou seja, render apenas os
6,1% anuais fixados em lei. Isso
será evitado pelas novas regras.
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