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Produto de alta tecnologia derruba saldo da indústria
País teve déficit de US$ 3,3 bi em bens de média-alta tecnologia no 1º semestre
Setores de baixa tecnologia elevaram saldo da balança: de US$ 16 bi no 1º semestre de 2006 para US$ 20 bi no mesmo período de 2007
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O saldo da balança comercial
da indústria de transformação
caiu no primeiro semestre deste ano, mas o que mais chama a
atenção é que essa queda se
concentrou principalmente
nos produtos de alta e média-alta intensidades tecnológicas.
Nos primeiros seis meses de
2005, o saldo da balança da indústria foi de US$ 14,6 bilhões.
Em 2006, caiu para US$ 13 bilhões, e, em 2007, para US$ 11,5
bilhões. Esses dados mostram
que a indústria de transformação tem contribuído negativamente para a alta do superávit.
E chamam a atenção os resultados negativos dos setores
de alta e média-alta tecnologia.
O déficit na balança dos produtos de tecnologia saltou de US$
5,4 bilhões nos primeiros seis
meses de 2006 para US$ 6,8 bilhões em igual período de 2007.
A queda mais expressiva, porém, deu-se nos produtos de
média-alta tecnologia. De um
superávit de US$ 98 milhões no
primeiro semestre de 2006, o
saldo desses produtos mostrou
um déficit de US$ 3,3 bilhões
de janeiro a junho deste ano.
Esses dados resultam de um
trabalho do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial) que analisou
a queda do superávit comercial
da indústria de transformação
no primeiro semestre de 2007.
A conclusão do estudo é que a
indústria de transformação está sofrendo uma mudança estrutural importante. Enquanto
se amplia o déficit nos setores
de alta e média-alta tecnologia,
o superávit dos produtos de
baixa tecnologia cresce. "Está
havendo uma perda de qualidade no saldo comercial da indústria", diz Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi.
Os setores de baixa intensidade tecnológica têm aumentado o saldo da balança comercial. De US$ 16,3 bilhões nos
primeiros seis meses de 2006, o
superávit desse setor subiu para US$ 20,3 bilhões no mesmo
período de 2007. A alta se deu
principalmente nas indústrias
de alimentos, bebidas e fumo.
O setor de média-baixa tecnologia também registrou uma
alta no superávit do primeiro
semestre de 2006 para este
ano. O salto foi de US$ 11,1 bilhões para US$ 13,6 bilhões. A
principal responsável foi a indústria siderúrgica, que registrou um saldo de US$ 2 bilhões.
Para Pereira, os setores cujos
saldos comerciais têm aumentado significativamente são
aqueles vinculados aos recursos naturais, beneficiados pela
alta do preço de exportação.
Já os produtos que mais
agregam tecnologia têm sofrido
com a superapreciação do real.
O dólar baixo tem favorecido o
aumento da importação dos
produtos com maior intensidade tecnológica. "O câmbio
apreciado faz com que os produtores naturais acabem se
convertendo em montadores."
Se em 2006 o déficit dos setores de alta tecnologia foi puxado por material eletrônico e
de comunicações, neste ano os
principais responsáveis são os
produtos farmacêuticos e os de
informática e escritório.
Em produtos de média-alta
tecnologia, a indústria automobilística teve superávit de US$
3 bilhões no primeiro semestre
deste ano, mas abaixo dos saldos de 2005 e 2006. Já os produtos químicos registraram déficit de US$ 4,2 bilhões.
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