São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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De qualquer modo, consumidor pagará a conta da negociação

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A menos que o governo decida criar um mecanismo para absorver a alta da tarifa de Itaipu, a conta da negociação com o Paraguai chegará para o consumidor brasileiro na fatura emitida pelas distribuidoras de energia.
Isso vem acontecendo desde a primeira concessão ao país vizinho, em fevereiro de 2007, quando o Brasil decidiu isentar o Paraguai do pagamento da correção monetária sobre a dívida da hidrelétrica.
O resultado foi que a parcela paraguaia foi assumida pela Eletrobrás, que repassou para as distribuidoras no preço da energia de Itaipu. Das distribuidoras, a diferença foi parar no percentual de reajuste de tarifa, ou seja, no bolso do consumidor. Isso apesar de o governo brasileiro ter sustentado, na época, que não haveria repasse.
Agora, se o preço em dólar que o Brasil paga ao Paraguai pela energia aumentar, o caminho mais provável é que, novamente, o consumidor pague o acordo.
Isso acontece porque a energia de Itaipu é comprada compulsoriamente por distribuidoras de energia do Brasil. Essa compra forçada é parte do sistema que garante o pagamento da dívida contraída para a construção da usina.
Para ter uma ideia da importância da energia de Itaipu para a tarifa de energia paga pelo consumidor brasileiro, principalmente o das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, basta analisar o último aumento tarifário da Eletropaulo, no início do mês.
Naquela ocasião, houve um reajuste de 12,96% para os consumidores residenciais. Boa parte desse percentual (aproximadamente um terço do aumento) veio dos custos com a compra de energia de Itaipu. No caso da Eletropaulo, 25% da energia distribuída vem da hidrelétrica binacional.
Novamente, o governo brasileiro está afirmando que não haverá repasse para o consumidor. A única maneira de isso acontecer é a conta ficar com o contribuinte: diretamente por meio do Tesouro Nacional ou, indiretamente, na conta da Eletrobrás. Em ambos os casos, os brasileiros pagam.


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