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Dilma indica que corte de tributos não ocorre agora
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) deu sinais de que o
governo não deverá adotar, por
ora, novas desonerações devido
à instabilidade no mercado financeiro internacional. Segundo ela, medidas de alívio tributário deverão ser tomadas a
partir de agora de "forma muito
consistente" para não comprometer a estabilidade do país
neste momento de turbulência.
"Todo muito fica preocupado
com o efeito da volatilidade do
mercado internacional e acha
que nós podemos nos comportar como se nada tivesse acontecido. A partir de agora, vamos
acompanhar a questão [desonerações] de forma muito consistente, tentando manter a estabilidade do país", declarou a
ministra, após participar de seminário sobre infra-estrutura.
Anteontem, a Receita Federal divulgou a carga tributária
revisada de 2006, de 34,23% do
PIB. Em relação ao ano anterior, houve aumento de 0,85
ponto percentual. Foi o terceiro aumento seguido, atingindo
o maior percentual da história.
No seminário, a ministra e
seu colega Paulo Bernardo
(Planejamento) ouviram de vários empresários queixas sobre
a elevada carga tributária brasileira. Os dois reconheceram
que a atual carga de impostos e
contribuições é elevada.
"É preciso haver uma redução do nível de tributação e de
sua estrutura. O imposto hoje
passa um sinal terrível para o
investidor nas áreas de energia
e telecomunicações. A tributação começa no investimento fixo para custear uma hidrelétrica, e o empresário vai continuar
pagando o resto da vida", criticou o presidente da Light, José
Luiz Alqueres.
Para o presidente do conselho de administração do Grupo
Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, a "carga é elevada demais", sendo necessário o governo estabelecer metas para
limitar o seu crescimento. "Reduzir a carga tributária é algo
que só terá sucesso se o governo também mexer na outra
ponta, que são os gastos públicos", declarou Paulo Godoy,
presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base).
Segundo Dilma, desde o lançamento do PAC o governo decidiu perseguir aumento nos
investimentos e a redução da
carga tributária. "Nós já fizemos um esforço imenso para
diminuir a carga tributária. Essa diminuição foi muito significativa e vem sendo até hoje."
Ela destacou que, apesar da
turbulência, o país deverá crescer mais de 4,5% neste ano.
Em exposição aos empresários, o ministro Walfrido dos
Mares Guia (Relações Institucionais) anunciou que o projeto
de reforma tributária, originalmente previsto para este mês,
deve ir para o Congresso na primeira semana de setembro.
CPMF
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o
recorde de carga tributária divulgado pela Receita Federal
não invalida a argumentação
do governo de que não pode
prescindir da arrecadação da
CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Segundo ele, os cerca de R$
60 bilhões a mais que serão arrecadados neste ano já estavam
previstos no Orçamento e incluídos no volume de investimentos programados. "Boa
parte desse aumento da carga
veio do INSS e vai para o INSS,
que é deficitário, e não faz nenhum sentido distribuir isso.
Nós não abrimos mão desses
investimentos, necessários para a infra-estrutura, nem dos
programas sociais que estão
sendo implementados", disse.
A CPMF tem término previsto para dezembro e, no momento, está em tramitação no
Congresso Nacional projeto
para sua prorrogação até 2011.
Com DENISE BRITO , em
Colaboração para a Folha
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