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Gulliver vai recolher linha de brinquedos com ímãs
Série Magnetix teve recall de 4 milhões de itens nos EUA em março, mas não no Brasil
No país foram vendidos 35 mil brinquedos, fabricados na China; empresa afirma que modificou a linha, mas ainda não confirma recall
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana após a Mattel
anunciar um recall de brinquedos com ímãs que podem se
soltar e oferecer riscos às crianças, a Gulliver, tradicional fabricante de São Caetano do Sul
(ABC paulista), comunicou que
vai retirar produtos importados da linha Magnetix das lojas
pelo mesmo motivo.
Apesar de já ter ocorrido um
recall de 4 milhões de itens dessa linha em março do ano passado nos Estados Unidos, a empresa não confirmou até a noite
de ontem se iria ou não anunciar um recall no Brasil para
realizar a troca dos brinquedos.
A Gulliver vendeu 35 mil
itens da linha Magnetix no Brasil em 2006 -são brinquedos
com esferas metálicas e hastes
plásticas com ímãs em suas extremidades que permitem que
as crianças montem objetos. O
produto é fabricado na China
pela empresa canadense Mega
Brands e vendido aos brasileiros pela Gulliver.
Até as 17h de ontem, o site da
empresa (www.gulliver.com.br) exibia 49 produtos da linha
Magnetix. Uma hora depois foram retirados da internet. A
Folha pediu à empresa que enviasse fotos e a relação detalhada dos itens que ofereceriam
riscos aos consumidores. Até o
fechamento desta edição, o material não estava disponível. À
noite, a Gulliver anunciou um
número de telefone (0800-7702650), para esclarecer dúvidas das 8h às 17h45.
A linha Magnetix foi modificada em 2006, de acordo com a
empresa, mas lotes remanescentes da versão anterior do
brinquedo ainda estão no varejo. A Gulliver não sabe informar, entretanto, a quantidade
de itens que estão nas lojas.
Nos Estados Unidos, o recall
ocorreu após a agência que protege a segurança dos consumidores -a CPSC (Comissão de
Segurança de Produtos ao Consumidor, www.cpsc.gov)-
constatar 29 acidentes com os
ímãs. Uma criança morreu e
outras 28 tiveram de passar por
cirurgia -um caso foi por aspiração, e os demais, de danos ao
intestino das crianças que engoliram os ímãs. Ao menos
1.500 incidentes foram reportados ao órgão desde então.
No Brasil, segundo a Gulliver, não houve casos semelhantes. Entretanto, na última
segunda-feira, a consumidora
Beatriz Domingues concedeu
uma entrevista a uma rádio
paulista em que relata que sua
filha de sete anos engoliu uma
esfera do brinquedo Magnetix
há quatro meses. "Ela chegou
desesperada, dizendo ter engolido [o ímã]. Liguei para o médico e ele me disse para esperar
um tempo necessário que o organismo eliminaria o produto.
Esse período foi de cinco dias."
Maria Inês Dolci, do Pro Teste, diz que a empresa "tem de
anunciar um recall imediatamente e rastrear os produtos
com problema no mercado".
Marilena Lazzarini, coordenadora do Idec, reforça que,
pelo Código de Defesa do Consumidor, "é crime se a empresa
tiver conhecimento de um problema nocivo e deixar de informar aos consumidores e às autoridades". No Brasil , diz, foram feitos 30 recalls neste ano.
Nos EUA, foram mais de 500.
Para Paulo Arthur Góes, diretor de fiscalização do Procon-SP, a empresa não pode esperar ocorrerem incidentes para fazer recall. "Se foi feito nos
EUA, deveria ter sido feito
aqui. Antes tarde que nunca."
Com 6% do mercado nacional, a Gulliver existe há 38
anos. Fundada pela família Lavin, a empresa ficou famosa ao
fabricar brinquedos em PVC,
como o Forte Apache. Seu fundador, o espanhol Mariano Lavin Ortiz, chegou ao país em
1959 com a família e morreu
em 1973. Hoje, sete a cada dez
produtos que a Gulliver vende
no Brasil são importados. Seu
faturamento cresceu 80% no
primeiro semestre em relação
à igual período de 2006 motivado pela venda de produtos licenciados de filmes de sucesso,
como "X-Men", "Piratas do Caribe" e "Shrek", entre outros.
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