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Produtor segura soja à espera de alta de preço, diz múlti
Para o presidente da Dreyfus, problema maior é custo
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A oscilação do preço da soja
no mercado internacional levou alguns produtores a segurar as entregas do grão para indústrias e tradings à espera de
uma recuperação nos preços.
"Este é um momento em que
o produtor não vende. Ele está
esperando a cotação de preço
no mercado internacional engrenar novamente", afirma
Kenneth Geld, presidente da
Louis Dreyfus Commodities,
que atua nos mercados de soja,
suco de laranja, açúcar e álcool,
algodão, café e milho.
O preço da soja tem variado
muito neste ano. Chegou a US$
12 por bushel (27,2 quilos), subiu para US$ 16 e agora está em
US$ 12. "E, historicamente, dizia-se que um bom preço de soja era entre US$ 7 e US$ 8 por
bushel. A cotação da soja é dada
pela Bolsa de Chicago, e, quando o preço cai, o produtor segura a entrega na tentativa de
vender depois por preço mais
elevado", afirma Geld.
A soja é colhida de janeiro a
junho e vendida à indústria e às
tradings no período da safra e
da entressafra. "Esse é um mercado muito aberto. O preço sobe em Chicago e sobe também
em Mato Grosso."
A reclamação maior do setor
hoje, segundo ele, é custo de
produção. "O custo de produção de um produtor eficiente
em Mato Grosso, historicamente, ficava entre US$ 450 e
US$ 500 por hectare, hoje está
entre US$ 900 e US$ 950." Leia
a seguir trechos da entrevista
com Kenneth Geld, presidente
da Louis Dreyfus.
FOLHA - Como estão as negociações com os produtores de soja em
razão das oscilações de preços?
KENNETH GELD - É uma luta diária e toda negociação depende
muito da confiabilidade entre
as partes. O preço da soja tem
estado muito volátil. Foi de
US$ 12 para US$ 16 por bushel e
voltou para US$ 12 por bushel.
Neste momento, o produtor está esperando para vender. Provavelmente, vamos ter um momento de calmaria com a plantação da nova safra.
FOLHA - Qual o principal problema
enfrentado hoje pelo setor agrícola?
GELD - Custos de produção e
taxa de câmbio. O custo de produção de um produtor eficiente
em Mato Grosso, historicamente, ficava entre US$ 450 e
US$ 500 por hectare e hoje está
entre US$ 900 e US$ 950. Nosso custo aumentou bastante,
assim como aumentou a necessidade de capital de giro.
FOLHA - E no caso do açúcar e do álcool combustível, como estão os
preços?
GELD - O preço do açúcar já se
recuperou bem nos últimos
meses. Está num patamar de
US$ 0,13 por libra-peso e estava
em US$ 0,10 por libra-peso. O
álcool combustível também está num bom patamar, perto de
US$ 0,16 a US$ 0,17 por litro, e é
mais rentável do que o açúcar.
FOLHA - As empresas de suco de laranja foram alvo de investigação da
Secretaria de Direito Econômico para apurar eventual formação de cartel no setor, mas obtiveram na Justiça o direito de impedir a análise de
documentos recolhidos na chamada
Operação Fanta. Como está esse caso?
GELD - Essa é uma questão jurídica. O processo [jurídico] está
em curso já há três anos.
FOLHA - A SDE havia feito uma proposta de pagamento de uma multa
de R$ 100 milhões às empresas e a
assinatura de um termo de compromisso de cessação para encerrar a
disputa.
GELD - Isso não evoluiu. O setor de suco de laranja é bastante concentrado. São quatro
grandes processadores. Mas é
um mercado de commodities,
com flutuação de preço. Toda
vez que tem superprodução e o
mercado cai, você tem segmentos de produtores que alegam
que existe cartel. Mas o principal fator gerador do problema é
que, de fato, é uma commodity.
Você tem momentos de preços
altos e de preços baixos. Quando o citricultor ganha dinheiro,
a indústria ganha dinheiro. E,
quando ele perde dinheiro, a
indústria perde dinheiro.
FOLHA - Há reclamação de trabalhadores nas culturas de cana, laranja e café sobre contratação irregular
e de péssimas condições de trabalho. A empresa verifica se há trabalho degradante e infantil nas lavouras?
GELD - Não há trabalho escravo. Em nossos contratos, há
cláusulas que ditam que não
pode haver criança trabalhando. Há uma disciplina entre as
indústrias, os fornecedores de
laranja e a Fundação Abrinq.
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