São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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PAINEL S/A

Mãos à obra

Para Raul Velloso, se reeleito, como indicam as pesquisas, FHC terá de "adotar medidas fiscais radicais" já no início do governo, quando terá maior apoio político. Ele estima que o governo precisará cortar US$ 36 bilhões em gastos nos próximos dois ou três anos. "Não se trata mais de debater a legislação; agora, só resta fazer."

Na marra

Uma das medidas, segundo Velloso, é baixar os juros. "Sem a queda dos taxas é impossível reduzir o déficit. Neste ano, para um déficit esperado de 6,7% do PIB, os juros respondem por 6,2%."

Sangue, suor e lágrimas

Além da queda dos juros (e para viabilizá-la), o receituário de Velloso envolve enxugamento imediato e "violento" de pessoal (pagando proporcional ao que falta para a aposentadoria); radicalizar o processo de concessões; equacionar a Previdência; privatizar; e dar autonomia a Estados e municípios, "inclusive para quebrar".

Sem alternativa

Indagado se a crise internacional permitiria a queda dos juros, Velloso disse que "pagando 20% ao ano já estamos liquidados". Ele afirmou, porém, ser possível retirar a cunha fiscal para manter o cupom cambial atraente.

Na ponta do lápis

Nas contas de analista de banco estrangeiro, uma queda de cinco pontos percentuais na taxa de juros permitiria a redução do déficit em um ponto percentual do PIB.

Custo latino

Na sexta, para operações de um ano, os juros na Argentina eram de 16%; no Brasil, de 29%; no México, de 30%; e na Venezuela, desde que achassem um comprador, de aproximadamente 100%.

Manual de instruções

Para analistas, a crise internacional tem também um aspecto didático: mostra que não existe espaço nem no Brasil nem em qualquer lugar para políticas alternativas de crescimento.

Assédio industrial

A disputa política dos Estados por investimentos está esquentando com a campanha eleitoral. Tradicionais industriais paulistas continuam recebendo propostas. O governo de Goiás, por exemplo, oferece passagens aéreas e hospedagem, além de incentivos para a instalação de fábrica no pólo industrial de Catalão.

Empurrão inicial

Na avaliação da Salomon Smith Barney, a não-intervenção do G-7 e do FMI na Rússia teve papel fundamental na turbulência enfrentada pelos países emergentes.

Fundo sem fundos

Com o caixa apertado (o Fundo tem US$ 89 bilhões, nível que é considerado baixo e perigoso), "em vez de fazer parte da solução, o FMI pode vir a fazer parte do problema", diz a Salomon.

Sétima cavalaria

Debate presente no mercado norte-americano é se o Fed (banco central do EUA) deveria ou não praticar uma política monetária global. Se a resposta for positiva, os juros caem, na tentativa de se evitar uma deflação mundial.

Pressão doméstica

Analistas lembram, porém, que o comportamento do PIB dos EUA mostra que a demanda interna não se retraiu -o que poderia impossibilitar a redução das taxas.

No azul

Estudo da Austin Asis mostra que as empresas fecharam o primeiro semestre com rentabilidade de 6,9%. Fecharam o primeiro trimestre com queda de 0,4%.

Em expansão

As despesas financeiras comprometem 6,8% do faturamento das empresas no primeiro semestre deste ano, contra 6% no final de 1997, diz a Austin Asis.

Cortando custos

Segundo Mário Alberto Coelho, da Austin Asis, as empresas estão trabalhando com estoques ajustados à demanda e procuram reestruturar suas dívidas, contando com o crédito de fornecedores.

Segura peão

A Staroup projeta vender 300 mil peças da grife Chitãozinho & Xororó neste ano. "O mercado country já possui público superior ao do Carnaval carioca", diz Álvaro Pontes, presidente da empresa.

E-mail: painelsa@uol.com.br




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