São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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Grant fala sobre sigilo bancário

Folha - Cayman não abre mão do sigilo bancário?
Neville Grant -
É mais fácil quebrar o sigilo em Cayman do que em outros países. A lei permite que o cliente de um banco com agência nas ilhas autorize esse mesmo banco a ter acesso às suas informações.
Folha - Da agência do Banco Noroeste em Cayman desapareceram US$ 240 milhões para cinco outros países. O Banco Central do Brasil pode abrir as contas desse banco?
Grant -
Se as autoridades brasileiras tiverem evidências de que esse crime foi cometido em Cayman e nos apresentar esses indícios, mecanismos na legislação permitirão que as informações sejam abertas. A legislação de Cayman não permite que indivíduos que cometam crimes sejam acobertados.
Folha - O diretor de Fiscalização do Banco Central disse que estava com as mãos amarradas e que não poderia verificar as contas do Noroeste devido ao sigilo bancário.
Grant -
Isso não aconteceu. Se o senhor Mauch não teve acesso às informações é porque ele não tem evidências concretas de que esse crime foi cometido lá.
Folha - Como será feita a fiscalização das 57 agências e subsidiárias de bancos brasileiros em Cayman, sendo que apenas 12 têm presença física nas ilhas?
Grant -
Sei que 12 têm presença física em Cayman, com seus livros e registros. As outras têm livros e registros em seus países de origem.
Folha - Como o BC brasileiro poderá fiscalizar as agências de bancos brasileiros em Cayman que não têm presença física?
Grant -
Quando os registros e livros contábeis não estão lá, mesmo assim essa agência foi autorizada a operar por Cayman. Se a contabilidade for feita no Brasil, as autoridades de Cayman vão comunicar a esse banco que o BC está autorizado a fiscalizar suas contas mantidas nas ilhas. Isso já está acertado no acordo com o Mauch.
Folha - Por que Cayman é tão procurada por bancos?
Grant -
Não se cobram impostos nas ilhas, mas uma taxa de autorização para operar. Os bancos podem operar tendo menos custos, mas é da responsabilidade dessas instituições repassar os lucros para seus países de origem.



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