São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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Bolsa já acumula queda de 20% no mês

do enviado especial ao México

O México resistiu bem à primeira rodada da crise asiática, em outubro do ano passado, mas agora entrou no círculo dos países emergentes chacoalhados pelas especulações. Só em agosto, a Bolsa de Valores mexicana caiu mais de 20% e o governo elevou os juros para conter a instabilidade.
A crise financeira internacional pegou o México em plena recuperação econômica. "Os principais indicadores econômicos do país são bons", diz Guillermo Aboumrad, economista do Citibank. Em 1997, o país cresceu 7%, taxa que o país não conhecia desde o início da década de 80.
Nos últimos tempos, o governo mexicano tem tentado apagar a má imagem da crise tequila. Antes, o volume de reservas internacionais era divulgado semestralmente, agora os indicadores são renovados para consulta pública a cada semana.
Para manter o déficit público no limite de 1,25% do PIB, projetado no início do ano, o governo já anunciou três cortes de gastos em 98, somando US$ 4 bilhões. "O mais importante é manter as finanças públicas saudáveis para poder reagir melhor aos choques externos", diz Manuel Francia, do Ministério da Fazenda.
O principal problema trazido pela crise internacional foi a queda no preço do petróleo, responsável por 11% das exportações mexicanas. Uma queda de US$ 3,3 bilhões nas vendas externas de petróleo vai aumentar o déficit das contas externas de 1,8% do PIB, em 97, para 3,5% da produção nacional, em 98.
O grande medo dos mexicanos é que a crise internacional se converta também em uma recessão nos Estados Unidos. Graças ao acordo de livre comércio (Nafta) com os EUA, o México conseguiu se levantar da crise tequila antes do que se esperava.
Mais de 80% das exportações mexicanas se dirigem ao vizinho do Norte. Cerca de 60% dos investimentos estrangeiros em produção no México são voltados para exportações para os EUA.
"Não posso imaginar o México saindo da crise sem o Nafta", diz Pedro Bours, presidente do Conselho Coordenador Empresarial. Para diminuir a concentração dos negócios, os mexicanos negociam acordo com a União Européia.



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