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CONTRAMÃO
Brasil recebeu US$ 10,1 bilhões; braço da ONU prevê retomada de investimentos no país
Fluxo de recursos recua 39% em 2003
DA REDAÇÃO
O IDE (investimento direto estrangeiro) voltou a cair no Brasil
em 2003, primeiro ano do governo Lula, assim como a participação do fluxo recebido pelo país
no contexto global. E, apesar da
previsão de recuperação neste
ano, a Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas
Transnacionais e da Globalização Econômica) alertou que o
país pode perder mais espaço.
No ano passado, o Brasil recebeu US$ 10,14 bilhões de IDE,
uma queda de 38,9% em relação
aos US$ 16,57 bilhões de 2002, e
foi ultrapassado por Hong
Kong, Cingapura e México na
lista dos emergentes que mais
atraíram recursos. A China
manteve a liderança entre esses
países, com US$ 53,51 bilhões,
segundo o relatório elaborado
pela Unctad (o braço da ONU
para Comércio e Desenvolvimento) e divulgado ontem.
A Sobeet afirmou que os volumes de IDE no país foram inflados, no início da década, pelo excesso de liqüidez no mercado internacional e pelos recursos obtidos com as privatizações. Já
nos dois últimos anos, a preocupação do mercado com a mudança no governo reduziu o investimento, apontou a entidade.
"O Brasil tem um ótimo mercado para as empresas, mas o
potencial de crescimento não é
utilizado. Para o país recuperar
ainda mais IDE é necessário
uma política menos restritiva. A
queda dos juros abriria espaço
para atrair investimento externo", afirmou Fernando Ribeiro,
economista-chefe da Sobeet.
Pesquisas da Unctad apontam
que a Argentina é o destino preferencial da região. "Apesar do
"default", o país é procurado porque tem espaço para crescer e
tem adotado medidas nesse sentido", disse o economista.
Para este ano, a previsão do
braço da ONU é que o fluxo global volte a se recuperar devido à
retomada nos EUA e na Europa,
os dois principais pontos de partida de investimentos.
A Unctad, que prevê retomada
maior nos países desenvolvidos,
já detectou alta de 3% nas F&A
(fusões e aquisições) no primeiro semestre deste ano em relação
ao mesmo período de 2003.
F&A têm liderado o IDE global
desde os anos 80. Segundo outra
pesquisa da instituição, 75% das
multinacionais pesquisadas já
apresentam aumentos.
"Os fluxos mundiais mostram
uma dramática mudança para o
setor de serviços", afirmou Karl
Sauvant, diretor da Unctad. A alta do setor no peso do PIB e a
desregulamentação em diversos
países ajudam a explicar essa
migração, segundo o órgão.
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