São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

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CONTRAMÃO

Brasil recebeu US$ 10,1 bilhões; braço da ONU prevê retomada de investimentos no país

Fluxo de recursos recua 39% em 2003

DA REDAÇÃO

O IDE (investimento direto estrangeiro) voltou a cair no Brasil em 2003, primeiro ano do governo Lula, assim como a participação do fluxo recebido pelo país no contexto global. E, apesar da previsão de recuperação neste ano, a Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica) alertou que o país pode perder mais espaço.
No ano passado, o Brasil recebeu US$ 10,14 bilhões de IDE, uma queda de 38,9% em relação aos US$ 16,57 bilhões de 2002, e foi ultrapassado por Hong Kong, Cingapura e México na lista dos emergentes que mais atraíram recursos. A China manteve a liderança entre esses países, com US$ 53,51 bilhões, segundo o relatório elaborado pela Unctad (o braço da ONU para Comércio e Desenvolvimento) e divulgado ontem.
A Sobeet afirmou que os volumes de IDE no país foram inflados, no início da década, pelo excesso de liqüidez no mercado internacional e pelos recursos obtidos com as privatizações. Já nos dois últimos anos, a preocupação do mercado com a mudança no governo reduziu o investimento, apontou a entidade.
"O Brasil tem um ótimo mercado para as empresas, mas o potencial de crescimento não é utilizado. Para o país recuperar ainda mais IDE é necessário uma política menos restritiva. A queda dos juros abriria espaço para atrair investimento externo", afirmou Fernando Ribeiro, economista-chefe da Sobeet.
Pesquisas da Unctad apontam que a Argentina é o destino preferencial da região. "Apesar do "default", o país é procurado porque tem espaço para crescer e tem adotado medidas nesse sentido", disse o economista.
Para este ano, a previsão do braço da ONU é que o fluxo global volte a se recuperar devido à retomada nos EUA e na Europa, os dois principais pontos de partida de investimentos.
A Unctad, que prevê retomada maior nos países desenvolvidos, já detectou alta de 3% nas F&A (fusões e aquisições) no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2003. F&A têm liderado o IDE global desde os anos 80. Segundo outra pesquisa da instituição, 75% das multinacionais pesquisadas já apresentam aumentos.
"Os fluxos mundiais mostram uma dramática mudança para o setor de serviços", afirmou Karl Sauvant, diretor da Unctad. A alta do setor no peso do PIB e a desregulamentação em diversos países ajudam a explicar essa migração, segundo o órgão.


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