São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Ivan interrompe produção nos Estados Unidos e reservas caem; preço preocupa, diz secretária do Brasil

Furacão reduz estoque, e petróleo vai a US$ 48

DA REDAÇÃO

O anúncio de uma redução nos estoques norte-americanos de petróleo fez os preços do produto encostarem em seus recordes históricos. A causa da redução dos estoques foi a interrupção da produção de campos de petróleo afetados pelo furacão Ivan, no golfo do México.
Com isso, os contratos negociados para novembro na Bolsa Mercantil de Nova York foram vendidos a US$ 48,35, com alta de 3,4%. Em Londres, o barril do tipo Brent fechou negociado a US$ 44,93, alta de 3,55%.
Ontem, o Departamento de Energia dos EUA divulgou, em seu relatório semanal, uma forte redução nos estoques de petróleo. As reservas do produto do país recuaram 9,1 milhões de barris na última semana. Os estoques agora somam 269,5 milhões de barris, 5% a menos do que em 2003.
"As refinarias estão preocupadas com o fato de os estoques estarem baixos. Por isso, elas precisam comprar tudo à vista. E tudo indica que na próxima semana teremos uma outra redução", disse Ed Silliere, vice presidente da corretora LLC de Nova York.
Apesar de a causa para a redução ser passageira, os analistas seguem preocupados com outros problemas em países produtores, como a Rússia e o Iraque.
No entanto, a redução é considerada grave por ser um dos mais baixos níveis desde 1998, segundo o Conselho Nacional de Petróleo, um consórcio de empresas de óleo e gás dos EUA. Nesse patamar, as refinarias perdem margem de manobra para o caso de problemas na distribuição de outras fontes.

Preço preocupa
A secretária de Petróleo e Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, Maria das Graças Foster, disse ontem que o atual preço do petróleo no mercado internacional "preocupa muito".
Segundo Foster, o preço do barril a US$ 47 -valor próximo do qual havia fechado o barril anteontem- é fator de preocupação mesmo para um país auto-suficiente e exportador. A Petrobras estima que o Brasil se tornará auto-suficiente em 2006 ou até mesmo em 2005. "Há duas semanas tivemos queda, e o mercado pareceu se comportar de forma otimista, mas aí vieram o furacão Ivan, a interrupção da produção no mar do Norte, os problemas nos campos da Yukos e aí [o preço do barril] voltou a subir, isso preocupa cada vez mais", disse.
O diretor de relações internacionais da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou que, no curto e médio prazos, o preço do barril não deve ficar abaixo de US$ 35.
Segundo Foster, o ministério concorda que o patamar está custando a se definir. A secretária ressaltou, no entanto, que a Petrobras realiza estudos constantes sobre a variação do preço. "Se o Cerveró fez essa afirmação, é porque tem suporte técnico grande dentro da Petrobras para dizer que sim", afirmou a secretária.
Apesar da perspectiva de preço alto por mais tempo, a secretária afirmou que qualquer decisão relacionada a mudança de preços é definida pela Petrobras. "A Petrobras é que faz os ajustes, mas, se você pergunta ao Ministério de Minas e Energia, o preço preocupa sob todos os aspectos da economia", disse.
O último reajuste de gasolina das distribuidoras foi de 10,8% no dia 15 de junho. Somente em setembro, o preço do barril de petróleo em Nova York acumula uma alta superior a 6%.


Colaborou Janaina Lage, da Folha Online, no Rio

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