São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Para especialista, BC teria conseguido o mesmo resultado na inflação se tivesse interrompido antes a alta do juro

Copom exagerou na dose, diz economista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O conservadorismo do Banco Central na condução da política de juros foi uma das coisas que mais chamaram a atenção na leitura da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC). O documento não dá sinais de que a taxa Selic vá ser reduzida de forma muito acentuada nos próximos meses, apesar da queda recente da inflação.
"O Banco Central não indicou para que lado vai", diz o economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon. Ele afirma que, de forma geral, o cenário traçado pela ata da reunião do Copom para a economia é positivo, mas isso não significa que cortes agressivos nos juros devem ocorrer de agora em diante.
Segundo Salomon, uma das preocupações está no efeito que uma redução dos juros teria sobre a cotação do dólar, pois o comportamento do câmbio foi um fator que ajudou no controle da inflação deste ano -um corte na Selic pode favorecer uma desvalorização do real, o que pressionaria a inflação.
O economista Heron do Carmo, presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo, afirma que houve exagero no aumento dos juros promovido desde o final de 2004. "O Banco Central poderia ter conseguido praticamente os mesmo resultados se tivesse parado de subir os juros um pouco antes", diz.

Outros fatores
Para Heron, a queda da inflação foi influenciada por vários outros fatores além da alta da taxa de juros. O próprio efeito positivo do câmbio sobre os preços, segundo o economista, reflete, em boa parte, a entrada de dólares trazidos ao país pelos exportadores, não estando relacionado com a política monetária.
Sobre o fato de o próprio BC projetar, agora, uma inflação abaixo de sua meta deste ano, Salomon, do Unibanco, afirma que isso apenas mostra que "a política monetária é algo que funciona". "O objetivo foi desacelerar a economia, e isso foi alcançado", afirmou o economista.


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