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RECEITA ORTODOXA
Para especialista, BC teria conseguido o mesmo resultado na inflação se tivesse interrompido antes a alta do juro
Copom exagerou na dose, diz economista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O conservadorismo do Banco
Central na condução da política
de juros foi uma das coisas que
mais chamaram a atenção na leitura da ata da última reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária do BC). O documento não
dá sinais de que a taxa Selic vá ser
reduzida de forma muito acentuada nos próximos meses, apesar da queda recente da inflação.
"O Banco Central não indicou
para que lado vai", diz o economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon. Ele afirma que, de
forma geral, o cenário traçado pela ata da reunião do Copom para a
economia é positivo, mas isso não
significa que cortes agressivos nos
juros devem ocorrer de agora em
diante.
Segundo Salomon, uma das
preocupações está no efeito que
uma redução dos juros teria sobre
a cotação do dólar, pois o comportamento do câmbio foi um fator que ajudou no controle da inflação deste ano -um corte na
Selic pode favorecer uma desvalorização do real, o que pressionaria
a inflação.
O economista Heron do Carmo,
presidente do Conselho Regional
de Economia de São Paulo, afirma
que houve exagero no aumento
dos juros promovido desde o final
de 2004. "O Banco Central poderia ter conseguido praticamente
os mesmo resultados se tivesse
parado de subir os juros um pouco antes", diz.
Outros fatores
Para Heron, a queda da inflação
foi influenciada por vários outros
fatores além da alta da taxa de juros. O próprio efeito positivo do
câmbio sobre os preços, segundo
o economista, reflete, em boa parte, a entrada de dólares trazidos
ao país pelos exportadores, não
estando relacionado com a política monetária.
Sobre o fato de o próprio BC
projetar, agora, uma inflação
abaixo de sua meta deste ano, Salomon, do Unibanco, afirma que
isso apenas mostra que "a política
monetária é algo que funciona".
"O objetivo foi desacelerar a economia, e isso foi alcançado", afirmou o economista.
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