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TRABALHO
IBGE aponta desocupação de 9,4% pelo terceiro mês consecutivo
Inflação menor eleva renda; desemprego segue estável
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Pelo terceiro mês consecutivo, a
taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do
país ficou em 9,4% em agosto,
mantendo-se na menor marca da
série histórica da nova pesquisa
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), iniciada
em março de 2002. Em agosto de
2004, a taxa havia sido de 11,4%.
Já o rendimento médio do trabalhador subiu 0,7% de julho para agosto, na terceira taxa positiva
nesse tipo comparação. Sob efeito
da inflação menor, a renda teve
expansão 3,7% em relação a agosto de 2004. É a maior variação positiva desde março de 2003, quando se tornou possível iniciar a
comparação anual (um ano depois do começo da pesquisa).
Em valores, o rendimento médio ficou em R$ 973,20. A cifra é
mais alta do que em agosto de
2003 e 2004, mas ainda está distante de retornar aos níveis anteriores à crise gerada pela eleição
presidencial de 2002. Em agosto
daquele ano, o trabalhador recebia, em média, R$ 1.098,34.
"Compasso de espera"
Para Cimar Azeredo Pereira,
coordenador de pesquisas do IBGE, os dados mostram que o mercado de trabalho está "em compasso de espera". "Não dá para dizer que há um cenário mais favorável, mas também não podemos
afirmar que há um retrocesso",
disse Azeredo.
Nos três últimos meses, o número de vagas abertas ficou praticamente estável, o que impediu
que a taxa de desemprego mantivesse a forte queda registrada de
abril a julho deste ano.
O número de pessoas ocupadas
cresceu apenas 0,4% de julho para
agosto. Indústria e serviços prestados às empresas (terceirização,
informática, consultorias, intermediação financeira) foram as
atividades que mais abriram vagas no período.
De acordo com Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), não houve um ingresso expressivo de pessoas no mercado
de trabalho em agosto, e as vagas
geradas foram suficientes para
cobrir a procura. Por isso, diz, a
taxa ficou estável.
Uma hipótese de Ávila para a
menor procura é que membros
secundários da família (mulher e
filhos, em geral), lançados ao
mercado no auge da crise, estão
deixando o de buscar trabalho
com a melhora da situação econômica e da renda.
Já Azeredo, do IBGE, diz que a
melhora registrada até junho
"perdeu fôlego", pois podem estar acontecendo menos investimentos na produção necessários
à alta do emprego.
Guilherme Maia, da Tendência
Consultoria, atribuiu o ritmo
mais fraco de criação de postos de
trabalho nos últimos três meses
ao fato de a ocupação já ter se expandido com força anteriormente. Por já terem contratado, diz, as
empresas procuram agora elevar
a produção com ganhos de produtividade e não com novos empregados.
Além disso, Maia ressaltou que
a previsão de uma demanda "um
pouco mais fraca" e a redução na
confiança do consumidor também levam empresários a brecarem contratações.
Sobre a renda, Azeredo afirmou
que, além da queda da inflação, os
efeitos do reajuste real do salário
mínimo também explicam o crescimento dos ganhos do trabalhador.
Na avaliação de Ávila, o rendimento só está em expansão graças
ao recuo dos índices de preços.
Não há, segundo ele, um aquecimento do mercado de trabalho,
com abertura expressiva de vagas,
que justifique uma melhora da
renda.
Ávila destacou ainda que desde
o início deste ano há um processo
de formalização do mercado de
trabalho no setor privado na
comparação com 2004. Em agosto, as contratações com carteira
aumentaram 6,2% ante o mesmo
mês de 2004.
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