São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2005

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TRABALHO

IBGE aponta desocupação de 9,4% pelo terceiro mês consecutivo

Inflação menor eleva renda; desemprego segue estável

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pelo terceiro mês consecutivo, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 9,4% em agosto, mantendo-se na menor marca da série histórica da nova pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em março de 2002. Em agosto de 2004, a taxa havia sido de 11,4%.
Já o rendimento médio do trabalhador subiu 0,7% de julho para agosto, na terceira taxa positiva nesse tipo comparação. Sob efeito da inflação menor, a renda teve expansão 3,7% em relação a agosto de 2004. É a maior variação positiva desde março de 2003, quando se tornou possível iniciar a comparação anual (um ano depois do começo da pesquisa).
Em valores, o rendimento médio ficou em R$ 973,20. A cifra é mais alta do que em agosto de 2003 e 2004, mas ainda está distante de retornar aos níveis anteriores à crise gerada pela eleição presidencial de 2002. Em agosto daquele ano, o trabalhador recebia, em média, R$ 1.098,34.

"Compasso de espera"
Para Cimar Azeredo Pereira, coordenador de pesquisas do IBGE, os dados mostram que o mercado de trabalho está "em compasso de espera". "Não dá para dizer que há um cenário mais favorável, mas também não podemos afirmar que há um retrocesso", disse Azeredo.
Nos três últimos meses, o número de vagas abertas ficou praticamente estável, o que impediu que a taxa de desemprego mantivesse a forte queda registrada de abril a julho deste ano.
O número de pessoas ocupadas cresceu apenas 0,4% de julho para agosto. Indústria e serviços prestados às empresas (terceirização, informática, consultorias, intermediação financeira) foram as atividades que mais abriram vagas no período.
De acordo com Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), não houve um ingresso expressivo de pessoas no mercado de trabalho em agosto, e as vagas geradas foram suficientes para cobrir a procura. Por isso, diz, a taxa ficou estável.
Uma hipótese de Ávila para a menor procura é que membros secundários da família (mulher e filhos, em geral), lançados ao mercado no auge da crise, estão deixando o de buscar trabalho com a melhora da situação econômica e da renda.
Já Azeredo, do IBGE, diz que a melhora registrada até junho "perdeu fôlego", pois podem estar acontecendo menos investimentos na produção necessários à alta do emprego.
Guilherme Maia, da Tendência Consultoria, atribuiu o ritmo mais fraco de criação de postos de trabalho nos últimos três meses ao fato de a ocupação já ter se expandido com força anteriormente. Por já terem contratado, diz, as empresas procuram agora elevar a produção com ganhos de produtividade e não com novos empregados.
Além disso, Maia ressaltou que a previsão de uma demanda "um pouco mais fraca" e a redução na confiança do consumidor também levam empresários a brecarem contratações.
Sobre a renda, Azeredo afirmou que, além da queda da inflação, os efeitos do reajuste real do salário mínimo também explicam o crescimento dos ganhos do trabalhador.
Na avaliação de Ávila, o rendimento só está em expansão graças ao recuo dos índices de preços. Não há, segundo ele, um aquecimento do mercado de trabalho, com abertura expressiva de vagas, que justifique uma melhora da renda.
Ávila destacou ainda que desde o início deste ano há um processo de formalização do mercado de trabalho no setor privado na comparação com 2004. Em agosto, as contratações com carteira aumentaram 6,2% ante o mesmo mês de 2004.


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