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RISCO
Em 51% das decisões no ano, Standard & Poor's elevou avaliação de países em desenvolvimento; Brasil tem expectativa de nota maior
Emergentes vivem onda de elevação de "rating"
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a expectativa do mercado tiver confirmação e a nota de risco
do Brasil for elevada, uma tendência recente observada pela
Standard & Poor's será ainda
mais reforçada. Segundo a agência de classificação de risco norte-americana, 2005 tem sido um ano
marcado pela elevação dos "ratings" de emergentes.
Estudo apresentado pela Standard & Poor's mostra que, neste
ano, até agosto, 50,8% de suas decisões sobre "rating" (nota de risco de crédito) de países emergentes foram de "upgrade" (elevação). Em 2004, esse percentual ficou em 44,8%, e em 2003, de apenas 18,2%. "Se a tendência atual
persistir, o percentual de "upgrades" em 2005 alcançará um novo
pico", disse John B. Chambers, diretor-executivo do setor de classificação de dívidas soberanas da
Standard & Poor's.
Mas os analistas ainda são cautelosos quando o assunto é elevação da nota de risco brasileira neste momento. A crise política, que
tem tido menos impacto no mercado financeiro, mas que parece
estar longe de seu fim, é o principal empecilho para o país ter uma
nota de crédito mais favorável.
"Os fundamentos macroeconômicos do país estão muito sólidos.
O Brasil já passou do ponto de
merecer um rating melhor. Mas a
crise política não ajuda", diz Marcelo Salomon, economista-chefe
do Unibanco.
A última vez que o Brasil foi elevado pela Standard & Poor's foi
em setembro do ano passado,
quando o rating soberano do país
passou a ser de "BB-". As notas
das agências mostram a solidez da
economia de um país e ilustram a
maior ou menor probabilidade de
um calote ser dado.
O objetivo dos países é alcançar
a faixa chamada de "grau de investimento". O rating brasileiro
tem ainda de ser elevado três vezes para chegar a essa categoria.
"Como a nota brasileira tem
"outlook" estável, acho mais provável que antes de uma elevação
de fato o país tenha esse prognóstico trocado para positivo", afirma Alexandre Lintz, estrategista-chefe no Brasil do banco francês
BNP Paribas.
Além das notas, os países recebem uma perspectiva de estável,
positiva (mais chances de elevação) ou negativa (chances de rebaixamento).
Situação melhor
Segundo a Standard & Poor's,
de setembro do ano passado até
agosto último, 15 países emergentes tiveram seus ratings aumentados. Apenas 4 foram rebaixados
no período. No mês passado, Venezuela, Marrocos e África do Sul
passaram a ter notas de crédito
melhores.
Além dos bons resultados econômicos -como inflação em
baixa e exportações em níveis recordes-, a emissão feita pelo Tesouro Nacional no mercado internacional com títulos atrelados ao
real foi encarada por analistas como um sinal de que o país está
bem visto no exterior.
O risco-país brasileiro, medido
pelo JP Morgan, está em seus menores níveis desde 1997, o que
também demonstra que os investidores crêem ser mais difícil haver um calote por parte do Brasil.
No fim das operações de ontem, o
risco-país fechou a 364 pontos.
Ao investir em um país ou emprestar dinheiro, o maior temor
dos investidores é o de haver calote -e terem de amargar prejuízos
no futuro.
Ter uma nota de crédito melhor
pode resultar em maior facilidade
para conseguir empréstimos, pagando taxas menores.
A viagem do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, do presidente do BC, Henrique Meirelles, e do
secretário do Tesouro, Joaquim
Levy, para Washington aumentou a expectativa do mercado em
torno da possibilidade de a nota
de risco brasileira ser elevada. Os
representantes da equipe econômica foram aos EUA para participar da reunião anual do FMI e do
Banco Mundial.
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